São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Três carros-bomba explodem em Balad; para general dos EUA, caiu autonomia de combate iraquiana

Atentados matam 76 civis e 5 americanos

Hadi Mizban/Associated Press
Iraquianos choram a morte de familiares e de amigos num tiroteio ocorrido em Bagdá (capital)


DA REDAÇÃO

A explosão simultânea de três carros-bomba na cidade predominantemente xiita de Balad matou ontem ao menos 60 pessoas e feriu 70 outras. Num dos mais violentos períodos no Iraque desde o início da guerra, em março de 2003, cinco soldados americanos foram mortos em Ramadi.
Em outros incidentes, em Bagdá, 16 iraquianos foram mortos em tiroteios e atentados. O principal ocorreu no bairro xiita de Dora, quando desconhecidos abriram fogo contra uma padaria, em que morreram três civis.
Os carros-bomba de Balad explodiram por volta das 18h35 (horário local) no centro da cidade, a 80 km ao norte de Bagdá. A área atingida estava movimentada, diante de uma feira e ao lado de uma agência bancária.
O número de mortos foi fornecido por Khaled al Azawi, diretor do hospital de Balad. Ele afirmou que entre os feridos está o chefe da polícia local.
A morte dos cinco marines ocorreu anteontem. Eles foram atingidos dentro do veículo que ocupavam, após a explosão de uma bomba colocada à beira de uma estrada. Foi o incidente mais grave para as forças americanas desde que, em 3 de agosto, 14 soldados foram mortos em Haditha.
Também ontem, o chefe do conselho de Khalis, cidade ao norte de Bagdá, além de um policial e seu irmão, foram assassinados.
Oficiais da inteligência americana crêem estar ocorrendo uma escalada da violência em razão do plebiscito que, em 15 de outubro, deve votar a nova Constituição. Mais de 140 pessoas, entre elas 13 militares americanos, foram mortas desde segunda-feira.
Segundo a Associated Press, com os marines de Ramadi, sobe para 1.934 o número de militares dos EUA mortos no Iraque. O número de feridos é de 14,8 mil. Com os civis iraquianos de Balad e Bagdá, esses mortos da guerra chegam a 26,2 mil ou 29,6 mil, dependendo da fonte de informação.
Ainda ontem, soldados americanos irromperam nas casas de dois dirigentes da Conferência do Povo Iraquiano, um partido sunita, prenderam guarda-costas e apreenderam armas e munições.
Adnan al Dulaimi, proprietário de uma das casas revistadas, disse que os militares chegaram por volta das 2h30. A suspeita é de que as armas apreendidas fariam parte dos arsenais da insurgência.
A Conferência do Povo Iraquiano faz campanha para que a população rejeite o projeto de Constituição aprovado por uma assembléia em que curdos e xiitas são majoritários.
Em Washington, George Casey, comandante das forças dos EUA no Iraque, declarou a uma comissão do Congresso que, de junho para cá, caiu de três para apenas um o número de batalhões do Exército iraquiano hoje em condições de combater sem auxílio.
Ele disse que os próximos 75 dias serão "críticos" e condicionou a retirada dos contingentes no Iraque à estabilidade política.

Cai veto a fotos de Abu Ghraib
Um juiz de Nova York deliberou ontem que podem ser divulgadas as fotos que revelam abusos contra prisioneiros em Abu Ghraib, prisão iraquiana, apesar dos argumentos do Pentágono de que elas trariam prejuízos à política americana, como o incentivo ao recrutamento pela Al Qaeda. A sentença de Alvin Hellerstein defende a liberdade na qual os EUA são "campeões" e afirma que os terroristas não precisam de pretextos para cometer atos bárbaros.

Com agências internacionais

Próximo Texto: Imprensa: Repórter do "NYT" é solta após 80 dias presa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.