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Dois morrem em confronto na base de Morales
DO ENVIADO A SUCRE
No confronto mais violento
desde o início do governo Evo
Morales, há oito meses, dois cocaleiros foram mortos e dois
policiais e outro cocaleiro ficaram feridos à bala ontem de
manhã, durante um enfrentamento na região do Chapare,
berço político do presidente
boliviano, onde começou sua
carreira como líder sindical dos
plantadores de coca.
Sete policiais teriam sido
capturados pelos cocaleiros durante o confronto, informou a
agência de notícias do governo,
ABI. Já a imprensa local fala em
nove reféns -dois militares e
sete policiais. Até o fechamento
desta edição, eles permaneciam em poder dos cocaleiros.
De acordo com a rede de TV
Unitel, o confronto ocorreu por
volta das 9h numa zona conhecida como Campo Amarillo, localizada dentro do Parque Nacional Carrasco, na região do
Chapare, no centro da Bolívia, a
300 km a leste de La Paz.
Cerca de 200 cocaleiros cercaram um operativo encarregado de erradicar coca na região e
o atacaram com armas de fogo e
instrumentos cortantes. Cercados, os policiais revidaram antes de se entregar.
Além do Chapare, a situação
também é tensa na estrada entre Oruro e La Paz, bloqueada
por mineiros. A ministra de Governo (Interior), Alicia Muñoz,
disse ontem que o governo usará a força para liberar a estrada
caso não haja um acordo com
os manifestantes. A Força Aérea está realizando "vôos solidários" entre as duas cidades.
É o primeiro enfrentamento
entre cocaleiros e policiais sob
Morales, que prometeu uma
política de "cocaína zero, mas
não coca zero", com ênfase no
combate ao narcotráfico e incentivo à erradicação voluntária. Para promover essa política, Morales escolheu para a
função de "czar antidrogas" Felipe Cáceres, que, como o atual
presidente, havia sido plantador de coca no Chapare.
A política antidrogas boliviana tem atraído duras críticas do
governo dos EUA, que ameaçou
recentemente Morales com retaliações e cobra uma política
mais firme de erradicação.
O ex-líder cocaleiro rechaça a
acusação e promete medidas
para incentivar o consumo interno, como aumentar a área
atualmente permitida para o
plantio. Em julho, o governo facilitou a comercialização da folha ao acabar com os mercados
que monopolizavam a compra
e a venda. Agora, qualquer produtor de coca pode vender diretamente seu produto.
Apesar de a política de drogas
ser um foco de tensão entre os
dois países, praticamente nada
da produção de coca boliviana
chega aos EUA. Nos últimos
anos, o principal destino tem
sido o Brasil, tanto como ponto
final quanto para ser traficada
para a Europa.
(FM)
O repórter FABIANO MAISONNAVE viajou a
convite da empresa aérea Aerosur
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