São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Raúl Castro nega democratização em Cuba

Em primeiro discurso sobre política interna, ele pede autocrítica a sindicalistas e que saibam escutar queixas

DA REDAÇÃO

Em seu primeiro grande ato político interno como líder interino de Cuba, o general Raúl Castro, irmão do ditador Fidel Castro, rejeitou os pedidos de "transição democrática" vindos dos Estados Unidos.
"Dentro da lógica absurda em que age o presidente Bush, ele quer uma transição que seria um retorno vergonhoso ao lixo do capitalismo neocolonial que foi imposto neste país", discursou, no encerramento do 19º Congresso da Central dos Trabalhadores de Cuba.
No fim de semana, Raúl, 75, completa dois meses como substituto de Fidel, que se recupera de uma cirurgia no intestino. Seu discurso foi recheado de referências ao irmão. "É a primeira vez desde 1959 que ele não está presente no congresso do movimento operário", disse. Rául foi o anfitrião da Cúpula dos Países Não-Alinhados, realizada em Havana há duas semanas.
No discurso para os dirigentes sindicais, Raúl pediu que eles se desfizessem da burocracia e dos formalismos, que "eliminem o supérfluo e se concentrem no realmente decisivo".Ele também pediu que os dirigentes sejam "autocríticos" e escutem "as queixas do povo, ainda que não nos agradem o que eles digam".
Suas palavras se centraram mais nos problemas do regime do que nas conquistas, reforçando sua imagem de pragmático. Diante da quantidade de documentos aprovados pelos sindicatos, ele falou que seria "difícil identificar qual é a tarefa principal entre as muitas que devem ser enfrentadas cotidianamente".
Os Estados Unidos foram alvos de mais críticas. "Basta folhear o Plano Bush para comprovar que o império se propõe arrebatar ao nosso povo até a última das conquistas destes anos de luta. Eles até já nomearam um interventor para cá, como se nada tivesse mudado desde 1898, quando frustraram nossa independência."
Na quinta-feira, ele recebeu a visita do primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov, a mais alta autoridade russa a visitar o país desde a viagem do presidente Vladimir Putin em 2000. Raúl assinou com o antigo maior sócio de Cuba até 1990 acordos comerciais e de cooperação.


Com agências internacionais


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