São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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Alemanha autoriza elevar fundo de socorro europeu

Aval do país, que é a maior economia do bloco, era decisivo para a medida

Quatro países ainda têm de aprovar o aumento; para analistas, verba do fundo será insuficiente se Grécia der calote

Nikolas Giakoumidis/Associated Press
Estudantes em Salônica (Grécia) seguram faixa com os dizeres ‘deem-nos poder para mudar o país’

CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM

Numa vitória para a chanceler (premiê) Angela Merkel, o Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) aprovou ontem por ampla maioria a expansão do mecanismo de resgate europeu.
A votação alemã era considerada decisiva para aumentar o poder de fogo do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, criado para socorrer países em dificuldades e evitar o contágio da crise pelo continente.
O dinheiro desse fundo já despendido em ajuda financeira a Grécia, Irlanda e Portugal reduziu seu caixa para € 250 bilhões (R$ 615 bilhões). Pelo plano, que ainda tem de ser aprovado por quatro países entre os 17 da zona do euro, ele passará a ter € 440 bilhões (R$ 1 trilhão).
A participação da Alemanha, maior economia europeia, irá de € 123 bilhões para € 211 bilhões em garantias.
Além disso, o mecanismo ganha novos poderes: poderá dar "empréstimos preventivos" para evitar que problemas em países do bloco se tornem crises maiores, ajudar a recapitalizar bancos europeus e comprar fundos soberanos no mercado aberto.
Os parlamentares deram sinal verde ainda para o segundo pacote de resgate à Grécia, de € 109 bilhões, aprovado em cúpula em Bruxelas em julho passado.
A ampliação do fundo passou com 523 votos a favor, 85 contra e 3 abstenções. Foi uma votação tensa, após mais de três horas de debate. Pairava a ameaça de que uma rebelião da coalizão governista colocasse em risco a chamada "maioria do chanceler", com potencial para desestabilizar o governo.
Não foi o que aconteceu. Merkel precisava que 311 membros da coalizão votassem a favor. Teve voto de 315. Antes da votação, o ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, fez um apelo aos parlamentares para que, com a Europa em situação "extremamente difícil", a Alemanha continuasse sendo a "âncora da estabilidade".

REFORMAS
Mas nem bem o fundo foi aprovado e autoridades europeias já discutem sua reforma nos bastidores. Elas avaliam que seu escopo não é suficiente para conter um contágio e apoiar bancos em caso de um calote grego.
"Há razão para otimismo no curto prazo. O Parlamento mostrou unanimidade, um aspecto importante", disse à Folha Ansgar Belke, diretor do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica.
"Mas mesmo esse fundo aumentado não é robusto o suficiente para lidar com países como a Itália, que vai precisar de liquidez no futuro."
Na avaliação de Belke, o alívio no mercado será provisório. Ele afirma que a Europa está apenas "ganhando tempo". O ministro Schäuble negou rumores de que um pacote de € 2,2 trilhões, incluindo megaexpansão do fundo de resgate, esteja sendo negociado.


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