São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Gregos correrão risco de queda livre sem rede de proteção da União Europeia

MAURÍCIO SANTORO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A Grécia corre sério risco de decretar moratória de sua dívida externa. Apesar do aumento da ajuda externa e das medidas de austeridade, a situação econômica continua grave e sem solução visível. Ainda que esse desfecho seja inevitável, faz diferença se o país contar com uma rede de proteção da União Europeia ou se sofrer queda livre, como América Latina e África na crise da dívida de 1982.
Naquela ocasião, os países em desenvolvimento ficaram privados de crédito e foram forçados a realizar reformas bruscas por pressão das organizações financeiras multilaterais, sem atenção às negociações em busca de apoios políticos domésticos. Os resultados foram baixo crescimento, inflação acelerada e uma "década perdida" de tensões e retrocessos sociais.
A Grécia pode evitar esse caminho. A UE oferece a possibilidade de negociar reformas que passam não só pela economia, mas por um projeto de integração regional baseado em paz e desenvolvimento, com fundos estruturais de solidariedade entre nações ricas e pobres. No século 20, esse ideal político auxiliou muitos países a consolidarem suas democracias, inclusive a própria Grécia.
A recuperação grega será lenta e difícil. Por isso é especialmente importante a ajuda da UE, para que o país sustente políticas públicas que amorteçam os impactos do desastre. Tais medidas reduziriam a instabilidade, construindo pontes entre governo e movimentos sociais. Uma moratória negociada e amparada pelas instituições regionais também diminuiria o risco de contágio da crise.

MAURÍCIO SANTORO, 33, é doutor em ciência política pelo Iuperj e professor do MBA em relações internacionais da FGV (Fundação Getulio Vargas) do Rio.


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