São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2001

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LINHA DE FRENTE

Americanos executam ofensiva em área usada como refúgio pelo terrorista nos anos 80

EUA bombardeiam túneis de Bin Laden

DA REDAÇÃO

Em sua quarta semana de ataques ao Afeganistão, a coalizão liderada pelos EUA voltou seus bombardeios para área no leste do país em que abriga túneis e cavernas e, no passado, foi usada como esconderijo do terrorista Osama bin Laden. Segundo a agência islâmica afegã "AIP", duas pessoas morreram na ofensiva sobre a região de Gora Tangi, na Província de Paqtia (leste do país).
Ao menos duas bombas caíram nas imediações de cavernas de Gora Tangi. O labirinto de túneis foi construído pela resistência afegã, durante a ocupação do Afeganistão pela União Soviética (1979-1989) e, nesse período, serviu de refúgio e base para Bin Laden e integrantes da rede Al Qaeda.
"Nosso objetivo é concentrar os ataques em centros de comando da Al Qaeda e do Taleban", declarou Victoria Clarke, porta-voz do Pentágono. O Departamento da Defesa dos EUA acredita que a milícia islâmica que controla o Afeganistão esconda homens e munição em redes de túneis e cavernas como os de Gora Tangi.
"Estamos trabalhando sistematicamente nesses locais", confirmou o secretário Donald Rumsfeld. "Já obtivemos êxito, mas há muitas [cavernas", e levaremos algum tempo para fazer com que todas fiquem inabitáveis", disse Rumsfeld, que não confirmou as mortes relatadas pela "AIP".
O Pentágono também anunciou o ataque a alvos em Dast-e-Qala, na fronteira com o Tadjiquistão. Desde o início da ofensiva, em 7 de outubro, esse foi o primeiro bombardeio à região, que está sob controle do Taleban.
Também foram bombardeadas ontem Candahar, Mazar-e-Sharif e Jalalabad. Cabul teve um dia de relativa tranquilidade -há relatos de ataques à capital afegã, e moradores puderam deixar suas casas para comprar pão, pegar água, retomando atividades que se tornaram difíceis devido às operações militares.
A ação dos norte-americanos nos últimos dias foi ampliada, indicou o general Richard Myers, chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. "Atingimos seis áreas previamente localizadas e ampliamos atividades em outras regiões", declarou Myers.
No norte do país, comandantes da oposição ao Taleban anunciaram que, nos próximos dias, iniciarão nova ofensiva, com estratégia diferente, para tomar Mazar-e-Sharif, cidade que, mesmo sob intensos bombardeios dos EUA, segue sob domínio do Taleban.

Americanos "presos"
O Taleban afirmou ter capturado "cidadãos norte-americanos" que estavam em seu território. "Houve detenções. Não sei quantas foram nem em que estado se encontram os presos", disse Abdul Salam Zaeef, embaixador do grupo extremista no Paquistão.
Zaeef não informou se os presos seriam militares, jornalistas ou civis, mas disse que um dos detidos acompanhava o líder de oposição Abdul Haq, capturado e executado na última sexta-feira. O secretário da Defesa Donald Rumsfeld negou a prisão. "Não houve nenhuma captura de soldados norte-americanos", disse.
O embaixador do Taleban em Islamabad também voltou a dizer que os EUA usam armas biológicas em seus ataques, em acusação negada pelo comando norte-americano. Zaeef afirmou ainda que, apesar dos bombardeios, o Taleban tem em suas frentes de combate mais soldados do que o necessário e pediu calma e paciência aos "milhares de combatentes paquistaneses que se ofereceram para lutar na guerra santa".


Com agências internacionais



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