São Paulo, terça-feira, 30 de outubro de 2001

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MULTIMÍDIA

Imprensa americana adota tom mais negativo

DA REDAÇÃO

A onda de patriotismo na cobertura da imprensa norte-americana nas primeiras semanas após os atentados do dia 11 de setembro e no início dos ataques ao Afeganistão há pouco mais de três semanas parece ter chegado ao fim. O tom negativo começa a tomar conta dos textos dos principais jornais dos Estados Unidos, como verificou Howard Kurtz, ombudsman do diário "The Washington Post".
Aos poucos, os jornais começam a se perguntar a razão de a campanha estar durando tanto tempo. O Taleban, regime extremista que controla a maior parte do Afeganistão, parece bem mais difícil de ser derrotado do que transpareceu nas primeiras declarações do governo e do comando militar.
"Os inimigos estão vencendo", afirmou na semana passada o jornalista Terry Moran, da TV ABC, uma das três grandes redes de TV do país.
A perspectiva de que a ofensiva no Afeganistão seria tão rápida quanto a Guerra do Golfo (91) está descartada. Tampouco existe a crença de que a campanha no Afeganistão termine antes do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, que começa em 17 de novembro. Talvez, como afirmou o "The New York Times", acabe antes do Ramadã de 2002.
A paciência da imprensa estaria acabando. As imagens dos bombardeios fornecidas pelo Pentágono, que mais parecem um videogame, não convencem mais.
A seguir, veja a postura de alguns jornais diante da ofensiva no Afeganistão, em trechos coletados pelo ombudsman do "The Washington Post":

"The New York Times"
Para o diário, "o Pentágono está preparando a opinião pública norte-americana para uma campanha bem mais longa do que a prevista. E o Taleban pode ser mostrado como o inimigo que consegue sobreviver às batalhas".

"Los Angeles Times"
O jornal afirmou que os constantes erros nos ataques dos EUA ao Afeganistão, com bombardeios a armazéns da Cruz Vermelha Internacional e morte de civis, devem levar a uma mudança na estratégia. "Um envolvimento maior no campo diplomático por meio da ONU não está descartado, especialmente durante o Ramadã, quando a ofensiva deve ser reduzida", afirmou o diário.

"Boston Globe"
O diário destaca a tentativa do Pentágono de mostrar que tudo está sob controle. "As autoridades pareciam estar na defensiva ao falar dos ataques". Pelo segundo dia seguido, afirmou o diário, as autoridades norte-americanas tentavam explicar a morte de civis.


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