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DRAMA
11 são resgatados, 1 é encontrado morto, e outro continua desaparecido; Putin pensa em condecorar sobreviventes
Mineiros russos são salvos após seis dias
DA REDAÇÃO
Após seis dias presos a 800 m da
superfície, 11 mineiros de carvão
foram resgatados ontem em Novoshakhtinsk (sul da Rússia). Um
outro já estava morto. A equipe de
salvamento conseguiu chegar até
o grupo por meio de um túnel que
teve de ser perfurado e dinamitado a partir de um poço vizinho.
Um último mineiro seguia desaparecido. Na última quinta-feira, 46 ficaram presos quando a
inundação do poço em que estavam pela água que vazou de um
lago subterrâneo bloqueou a saída. No sábado, 33 foram resgatados, sem a necessidade de um túnel. Os 13 restantes haviam sido
dados como desaparecidos, já que
não se tinha contato com eles.
A equipe de salvamento alcançou, primeiro, um lugar em que
os últimos mineiros deveriam estar refugiados para escapar da
inundação. Ao entrarem no local,
encontraram um rabisco num
duto de ventilação indicando para
onde o grupo havia se deslocado.
Segundo Vasily Karlov, as condições haviam se tornado desesperadoras nas últimas horas.
"Sentíamos que o nível da água
subia, que havia pouco oxigênio e
que as pessoas não estavam se
sentindo bem", disse, no hospital.
"Quando vimos a equipe de salvamento, foi como a aparição de
Cristo", afirmou Vasily Avdeyev,
diretor da mina. "Não tínhamos
comida. Discursei dizendo que
um jejum de 20 dias nunca matou
ninguém, e é bom para a saúde."
Outro problema era a água para
beber. "Usávamos um ou dois filetes de água vindos do poço, mas
não dava para tomar, era muito
ruim", disse Vladimir Mikhailov.
"No final, só restava uma lâmpada das 12 que tínhamos. Então,
apagávamos sempre. Nas últimas
horas, nós tateamos no escuro."
"Eles pareciam bem para quem
estava preso numa mina por seis
dias", disse Alexander Smetalin,
que testemunhou o resgate. Segundo ele, os mineiros haviam escalado um declive do poço que os
deixou acima do nível da água. O
colega desaparecido havia deixado o grupo para buscar uma saída
e continuaria a ser procurado.
A maioria deles caminhou por
conta própria ao chegar na superfície após um trajeto subterrâneo
de cerca de 3 km em que foram escoltados ou carregados. Um pó
negro cobria seus rostos. Assim
que deixaram o poço, os parentes
que faziam vigília do lado de fora
gritaram os nomes dos mineiros.
O chefe do hospital para onde
foram levados, Yuri Grishchenko,
disse que os resgatados sofriam
de séria tensão e de estresse.
Também ontem, cinco mineiros morreram numa explosão em
Partizansk (leste da Rússia). Outros 66 foram salvos. Após mais
esse caso, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que acidentes em minas no país estão se tornando "sistemáticos" e falou em
condecorar os 11 resgatados.
Segundo a agência de notícias
Itar-Tass, a inundação na mina de
Novoshakhtinsk foi a segunda do
ano no local. Na outra, ninguém
trabalhava na hora. Autoridades
afirmaram que o poço inundado
será fechado. Os mineiros dizem
que não recebem há sete meses.
Os acidentes são comuns na indústria de carvão russa, com protestos frequentes contra salários
atrasados e condições de seguranças. Segundo o sindicato dos mineiros do setor, 68 morreram no
trabalho em 2002, e 98, em 2001.
Com agências internacionais
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