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Promessas de candidatos vão aumentar o déficit dos EUA
Para analistas, propostas de McCain terão impacto ainda maior do que as de Obama
Próximo presidente vai
herdar desafios econômicos
maiores que os enfrentados
por qualquer antecessor
desde Roosevelt, há 75 anos
JACKIE CALMES
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
Os dois candidatos presidenciais americanos ingressaram
na semana final da campanha
prometendo ser melhor administrador fiscal, mas ambos
apresentaram propostas tributárias e de gastos que agravarão
os déficits orçamentários
anuais, dizem analistas, sendo
que John McCain provavelmente aumentará o déficit
mais que Barack Obama.
O candidato republicano,
McCain, propôs reduções
maiores nos impostos. Ele também promete mais cortes nos
gastos, mas não especificou de
onde virá a maioria desses cortes. Mesmo agora, quando a crise financeira já resultou num
pacote de socorro, McCain
continua a prometer que, se
eleito, equilibrará o Orçamento
até o final de seu mandato, promessa que analistas fiscais
vêem como impossível.
Barack Obama, seu rival democrata, promete reduzir o déficit e colocá-lo no caminho para chegar ao equilíbrio. Ele
também promete um esforço
caro para disponibilizar o seguro-saúde para uma parcela
maior da população, além de
uma série de outros programas
de gastos e reduções nos impostos para a maioria das famílias e das pequenas empresas.
Ele promete elevar os impostos
sobre as famílias mais ricas, para ajudar a financiar seus planos para a saúde.
Analistas conservadores e
progressistas concordam que
não se deve esperar do eleito
que ele equilibre o Orçamento
em seu primeiro mandato, porque os gastos deficitários de
curto prazo podem estimular a
economia e porque a crise está
levando o governo a gastar mais
em ajuda e a arrecadar menos.
A longo prazo, porém, dizem
os analistas, o histórico fiscal
do próximo presidente vai depender de ele conseguir as economias com a saúde prometidas pelos dois candidatos.
"Nenhum dos dois está sendo fiscalmente responsável",
disse David M. Walker, ex-diretor do Government Accountability Office (Escritório de Responsabilidade do Governo).
O próximo presidente vai
herdar desafios econômicos
maiores que os enfrentados por
qualquer outro presidente desde Franklin D. Roosevelt, 75
anos atrás. Mas, enquanto o
país ingressou na Grande Depressão após uma década de superávits orçamentários, a crise
atual atinge um país que está
em forma financeira muito
pior, com déficits crescentes de
guerra, forte endividamento
junto a credores externos e a
perspectiva de custos esmagadores de saúde e aposentadoria
para os integrantes da geração
dos "baby boomers".
O déficit do ano fiscal 2008,
que terminou em 30 de setembro, foi de US$ 455 bilhões, ou
3,2% da produção econômica
total. Analistas dizem que ele
pode chegar a US$ 1 trilhão em
2009, ou mais de 7% do PIB,
com o país em recessão e combatendo em duas frentes de
guerra. Os economistas vêem
qualquer coisa superior a cerca
de 3% como preocupante.
Até agora, tanto McCain
quanto Obama vêm insistindo
que não precisam reduzir suas
propostas pré-crise. As perspectivas fiscais e a história sugerem o contrário.
Os cortes nos impostos propostos por McCain significariam redução de cerca de US$
1,5 trilhão da receita ao longo
de seu mandato, segundo o
Centro de Política Tributária,
uma entidade independente
dos partidos. Já os cortes nos
impostos propostos por Obama
levariam a uma perda total de
receita estimada em quase US$
1 trilhão em seu mandato.
Tradução de CLARA ALLAIN
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