São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Promessas de candidatos vão aumentar o déficit dos EUA

Para analistas, propostas de McCain terão impacto ainda maior do que as de Obama

Próximo presidente vai herdar desafios econômicos maiores que os enfrentados por qualquer antecessor desde Roosevelt, há 75 anos

JACKIE CALMES
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

Os dois candidatos presidenciais americanos ingressaram na semana final da campanha prometendo ser melhor administrador fiscal, mas ambos apresentaram propostas tributárias e de gastos que agravarão os déficits orçamentários anuais, dizem analistas, sendo que John McCain provavelmente aumentará o déficit mais que Barack Obama.
O candidato republicano, McCain, propôs reduções maiores nos impostos. Ele também promete mais cortes nos gastos, mas não especificou de onde virá a maioria desses cortes. Mesmo agora, quando a crise financeira já resultou num pacote de socorro, McCain continua a prometer que, se eleito, equilibrará o Orçamento até o final de seu mandato, promessa que analistas fiscais vêem como impossível.
Barack Obama, seu rival democrata, promete reduzir o déficit e colocá-lo no caminho para chegar ao equilíbrio. Ele também promete um esforço caro para disponibilizar o seguro-saúde para uma parcela maior da população, além de uma série de outros programas de gastos e reduções nos impostos para a maioria das famílias e das pequenas empresas.
Ele promete elevar os impostos sobre as famílias mais ricas, para ajudar a financiar seus planos para a saúde.
Analistas conservadores e progressistas concordam que não se deve esperar do eleito que ele equilibre o Orçamento em seu primeiro mandato, porque os gastos deficitários de curto prazo podem estimular a economia e porque a crise está levando o governo a gastar mais em ajuda e a arrecadar menos.
A longo prazo, porém, dizem os analistas, o histórico fiscal do próximo presidente vai depender de ele conseguir as economias com a saúde prometidas pelos dois candidatos.
"Nenhum dos dois está sendo fiscalmente responsável", disse David M. Walker, ex-diretor do Government Accountability Office (Escritório de Responsabilidade do Governo).
O próximo presidente vai herdar desafios econômicos maiores que os enfrentados por qualquer outro presidente desde Franklin D. Roosevelt, 75 anos atrás. Mas, enquanto o país ingressou na Grande Depressão após uma década de superávits orçamentários, a crise atual atinge um país que está em forma financeira muito pior, com déficits crescentes de guerra, forte endividamento junto a credores externos e a perspectiva de custos esmagadores de saúde e aposentadoria para os integrantes da geração dos "baby boomers".
O déficit do ano fiscal 2008, que terminou em 30 de setembro, foi de US$ 455 bilhões, ou 3,2% da produção econômica total. Analistas dizem que ele pode chegar a US$ 1 trilhão em 2009, ou mais de 7% do PIB, com o país em recessão e combatendo em duas frentes de guerra. Os economistas vêem qualquer coisa superior a cerca de 3% como preocupante.
Até agora, tanto McCain quanto Obama vêm insistindo que não precisam reduzir suas propostas pré-crise. As perspectivas fiscais e a história sugerem o contrário. Os cortes nos impostos propostos por McCain significariam redução de cerca de US$ 1,5 trilhão da receita ao longo de seu mandato, segundo o Centro de Política Tributária, uma entidade independente dos partidos. Já os cortes nos impostos propostos por Obama levariam a uma perda total de receita estimada em quase US$ 1 trilhão em seu mandato.

Tradução de CLARA ALLAIN



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