São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2004

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LESTE EUROPEU

Anteriormente, Leonid Kuchma defendia resultado oficial, que dá a vitória ao premiê Viktor Yanukovich

Presidente da Ucrânia admite nova eleição

DA REDAÇÃO

O presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, defendeu a realização de nova eleição presidencial para pôr fim à crise que já dura mais de uma semana no país.
"Se realmente quisermos preservar a paz e o consenso e construir a sociedade justa e democrática da qual falamos tanto, mas que não conseguimos concretizar de forma legal, realizemos novas eleições", disse Kuchma ontem.
A declaração representa uma mudança de posição do presidente. Até então, ele dizia apoiar o premiê Viktor Yanukovich como vencedor oficial da eleição do último dia 21 enquanto a Suprema Corte do país não resolvesse o impasse eleitoral. A comissão eleitoral declarou Yanukovich vitorioso na semana passada, mas o tribunal máximo do país rejeitou o resultado, impedindo que ele tomasse posse como presidente.
Os comentários de Kuchma também representam uma concessão ao rival de Yanukovich, Viktor Yushchenko, que alega que a eleição foi fraudada. Kuchma criticara Yushchenko por levar dezenas de milhares de pessoas às ruas, intensificando a divisão do país e acirrando os ânimos.
Mas a concessão não foi completa. Kuchma propõe um novo primeiro turno com outros candidatos, e não apenas uma repetição do segundo turno entre Yanukovich e Yushchenko, como queria o último. Kuchma afirmou que não vai se candidatar.
Yanukovich também fez uma pequena concessão, concordando em realizar, caso acusações de fraude sejam provadas, um novo segundo turno nas regiões de Donetsk e Luhansk. Ambas, contudo, estão entre suas bases eleitorais mais sólidas.
Regiões no leste da Ucrânia, onde Yanukovich concentra seus votos, têm ameaçado lutar por autonomia caso o resultado oficial mude. Donetsk já marcou um referendo sobre o assunto para domingo, e, em Luhansk, homens armados com socos ingleses e martelos espancaram ontem simpatizantes de Yushchenko, ferindo pelo menos 20 pessoas.
Kuchma fez sua declaração em uma reunião de líderes regionais, com a presença de Yanukovich, após falar por telefone com o premiê holandês, Jan-Peter Balkenende, e com o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
Apesar da vizinha Rússia ter apoiado Yanukovich desde o início da crise, as eleições foram alvo de crítica dos EUA e da União Européia (UE), sendo que a última defende um novo pleito.
Após as declarações de Kuchma, Powell evitou defender uma nova eleição diretamente, dizendo que a prioridade é achar uma solução que preserve a "integralidade territorial" ucraniana.

Suprema Corte
Membros da Suprema Corte passaram o dia ontem considerando a alegação de fraude por Yushchenko e seus aliados. O edifício do tribunal estava cercado de simpatizantes do candidato.
Yushchenko disse estar confiante de que a decisão final irá beneficiá-lo. "Amanhã [hoje], poderemos ser testemunhas de uma decisão legal e política que pode nos fornecer uma saída para a crise política."
Mas juristas afirmaram que a corte não deverá satisfazer nenhum dos lados da disputa. Segundo funcionários do tribunal, a decisão pode demorar vários dias.

Economia
Kuchma advertiu que a economia do país poderia desabar como "um castelo de cartas" por causa da crise, mas o ministro das Finanças, Mykola Azarov, disse que o sistema bancário do país era forte o suficiente para agüentar o período.
O Banco Central do país, contudo, afirmou que o impasse provocou uma corrida aos bancos, mas prometeu satisfazer a demanda por dinheiro. O presidente do banco, Serhiy Tyhypko, que também era gerente de campanha de Yanukovich, pediu demissão de ambos os cargos ontem.


Com agências internacionais


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