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LESTE EUROPEU
Anteriormente, Leonid Kuchma defendia resultado oficial, que dá a vitória ao premiê Viktor Yanukovich
Presidente da Ucrânia admite nova eleição
DA REDAÇÃO
O presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, defendeu a realização de nova eleição presidencial
para pôr fim à crise que já dura
mais de uma semana no país.
"Se realmente quisermos preservar a paz e o consenso e construir a sociedade justa e democrática da qual falamos tanto, mas
que não conseguimos concretizar
de forma legal, realizemos novas
eleições", disse Kuchma ontem.
A declaração representa uma
mudança de posição do presidente. Até então, ele dizia apoiar o
premiê Viktor Yanukovich como
vencedor oficial da eleição do último dia 21 enquanto a Suprema
Corte do país não resolvesse o impasse eleitoral. A comissão eleitoral declarou Yanukovich vitorioso na semana passada, mas o tribunal máximo do país rejeitou o
resultado, impedindo que ele tomasse posse como presidente.
Os comentários de Kuchma
também representam uma concessão ao rival de Yanukovich,
Viktor Yushchenko, que alega
que a eleição foi fraudada. Kuchma criticara Yushchenko por levar dezenas de milhares de pessoas às ruas, intensificando a divisão do país e acirrando os ânimos.
Mas a concessão não foi completa. Kuchma propõe um novo
primeiro turno com outros candidatos, e não apenas uma repetição
do segundo turno entre Yanukovich e Yushchenko, como queria
o último. Kuchma afirmou que
não vai se candidatar.
Yanukovich também fez uma
pequena concessão, concordando
em realizar, caso acusações de
fraude sejam provadas, um novo
segundo turno nas regiões de Donetsk e Luhansk. Ambas, contudo, estão entre suas bases eleitorais mais sólidas.
Regiões no leste da Ucrânia, onde Yanukovich concentra seus
votos, têm ameaçado lutar por
autonomia caso o resultado oficial mude. Donetsk já marcou um
referendo sobre o assunto para
domingo, e, em Luhansk, homens
armados com socos ingleses e
martelos espancaram ontem simpatizantes de Yushchenko, ferindo pelo menos 20 pessoas.
Kuchma fez sua declaração em
uma reunião de líderes regionais,
com a presença de Yanukovich,
após falar por telefone com o premiê holandês, Jan-Peter Balkenende, e com o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell.
Apesar da vizinha Rússia ter
apoiado Yanukovich desde o início da crise, as eleições foram alvo
de crítica dos EUA e da União Européia (UE), sendo que a última
defende um novo pleito.
Após as declarações de Kuchma, Powell evitou defender uma
nova eleição diretamente, dizendo que a prioridade é achar uma
solução que preserve a "integralidade territorial" ucraniana.
Suprema Corte
Membros da Suprema Corte
passaram o dia ontem considerando a alegação de fraude por
Yushchenko e seus aliados. O edifício do tribunal estava cercado de
simpatizantes do candidato.
Yushchenko disse estar confiante de que a decisão final irá beneficiá-lo. "Amanhã [hoje], poderemos ser testemunhas de uma
decisão legal e política que pode
nos fornecer uma saída para a crise política."
Mas juristas afirmaram que a
corte não deverá satisfazer nenhum dos lados da disputa. Segundo funcionários do tribunal, a
decisão pode demorar vários dias.
Economia
Kuchma advertiu que a economia do país poderia desabar como "um castelo de cartas" por
causa da crise, mas o ministro das
Finanças, Mykola Azarov, disse
que o sistema bancário do país era
forte o suficiente para agüentar o
período.
O Banco Central do país, contudo, afirmou que o impasse provocou uma corrida aos bancos, mas
prometeu satisfazer a demanda
por dinheiro. O presidente do
banco, Serhiy Tyhypko, que também era gerente de campanha de
Yanukovich, pediu demissão de
ambos os cargos ontem.
Com agências internacionais
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