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Morales dribla oposição e promulga nova lei agrária
Governo coopta suplentes de senadores da oposição, que promoverá paralisação
Senado aprova acordo militar com a Venezuela e
ratifica contratos com petroleiras; oposição
promete greve amanhã
DA REDAÇÃO
O presidente boliviano, Evo
Morales, impôs mais uma derrota à oposição ao aprovar no
Senado a nova lei de reforma
agrária do país e um acordo militar com a Venezuela, além de
ratificar os novos contratos de
exploração de gás e petróleo
com empresas multinacionais,
incluindo a Petrobras.
As sessões no Senado estavam travadas havia dez dias pela oposição, que detém a maioria na Casa. Mas, em manobra
surpreendente, os governistas
levaram um senador e dois suplentes da oposição para assegurar o quórum na noite de terça-feira, desatando acusações
de que houve suborno.
"Agora, termina o latifúndio
na Bolívia. Temos o instrumento para acabar com os latifundiários do oriente [os departamentos do leste do país], mas
nos demos conta de que só podemos avançar se estivermos
unidos e às vezes mobilizados",
disse Morales ontem de madrugada ao promulgar a lei,
diante de centenas de indígenas que festejavam diante do
palácio do governo, em La Paz.
A nova Lei Inra (Instituto
Nacional de Reforma Agrária)
dá mais poderes ao Executivo
para determinar se uma propriedade é produtiva, sem necessidade de trâmite judicial.
Ontem, o governo disse que a
reforma agrária começará em
750 mil hectares dos 2,5 milhões de hectares que estão em
processo de regularização. A
maior parte está no departamento de Santa Cruz, o mais rico e governado pela oposição.
O partido oposicionista Podemos (Poder Democrático e
Social), liderado pelo ex-presidente Jorge Quiroga, havia bloqueado o Senado desde o dia 21,
graças ao controle de 13 das 27
cadeiras. Mas o senador e os
dois suplentes da oposição se
juntaram aos 12 senadores do
MAS (Movimento ao Socialismo) e aprovaram todos os temas da pauta governista.
O Podemos disse que contestará a sessão no Tribunal Constitucional e pediu "uma resistência civil pacífica". "O que se
viu no Senado é asqueroso do
ponto de vista da moralidade,
da legalidade e do atropelo",
disse Quiroga.
"O presidente Morales abertamente convocou os movimentos sociais a passar por cima das leis e da própria Constituição", disse Mauricio Roca,
presidente da CAO (Câmara
Agropecuária do Oriente), que
reúne os maiores produtores
rurais de Santa Cruz.
Oito organizações cívicas reiteraram ontem um ultimato a
Morales e ameaçaram uma paralisação geral amanhã caso o
governo não reveja suas posições sobre a lei de terras e na
Assembléia Constituinte. Cinco governadores -de Santa
Cruz, Cochabamba, Tarija, Beni e Pando- apóiam a ação.
Além da revisão da lei agrária, a oposição exige que a
Constituinte aprove os artigos
da nova Carta por dois terços, e
não por maioria simples, como
foi aprovado pelos governistas.
A oposição também realiza greves de fome, com a adesão de
cerca de 300 pessoas.
Acordo com Chávez
O acordo militar com a Venezuela foi ratificado sem as
emendas feitas pela oposição.
O acordo fala, de forma vaga,
em aproximação das Forças Armadas dos dois países e prevê a
construção de uma base militar
em Riberalta (norte) e de um
porto fluvial na fronteira com o
Brasil.
Com agências internacionais
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