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Casa Branca põe em xeque força de premiê iraquiano
Texto obtido pelo "Times" questiona habilidade de Maliki; Bush adia encontro, e políticos xiitas ligados a radical rompem com Bagdá
Pablo Martinez Monsivais/Associated Press
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Bush acompanha o rei Abdullah 2º, da Jordânia, em Amã; reunião com Maliki foi adiada para hoje |
DA REDAÇÃO
Sob a intensificação do debate sobre o Iraque estar ou não
em guerra civil, a Casa Branca
questiona se o premiê iraquiano, o xiita Nuri al Maliki, é capaz de conter a violência sectária que toma o país, segundo
documento revelado pelo "New
York Times". O presidente dos
EUA, George W. Bush, adiou
para hoje o encontro que teria
ontem com Maliki na Jordânia.
Em memorando sigiloso do
último dia 8, diz o "Times", o
assessor de segurança nacional
da Casa Branca, Stephen Hadley, questiona a fragilidade do
premiê e recomenda que os
EUA ajam para fortalecê-lo.
O texto, obtido pelo jornal
por meio de um funcionário da
Casa Branca, sugere que, se
Maliki fracassar em uma série
específica de medidas, será preciso pressioná-lo a redesenhar
seu bloco parlamentar. Os EUA
poderiam contribuir para isso
com "ajuda financeira a grupos
moderados" e o aumento de
seu contingente em Bagdá.
Segundo o "Times", Hadley,
que esteve com o premiê iraquiano no último dia 30, ressalta ainda o fato de Maliki amparar parte de sua base política
em líderes xiitas radicais.
Tal estratégia pode se mostrar frágil, sobretudo após o
anúncio ontem de que 30 parlamentares e 5 ministros ligados ao clérigo radical xiita
Moqtada al Sadr suspenderam
relações com o governo.
"Suas intenções podem parecer boas (...), e relatórios mais
minuciosos indicam que ele está tentando forçar mudanças
positivas. Mas a verdade das
ruas de Bagdá indica que ou
Maliki ignora o que está acontecendo ou sua capacidade ainda não é suficiente a ponto de
transformar boas intenções em
fatos, diz o texto.
Encontro adiado
Romper com Sadr -que encabeçou um levante contra os
EUA em 2004 e lidera o Exército Mehdi, milícia acusada de
promover ataques contra sunitas- era um pedido antigo dos
americanos a Maliki. Mas foi o
grupo do clérigo que acabou tomando a iniciativa, desgostoso
com o encontro que o premiê
teria com Bush ontem em Amã.
A reunião acabou sendo adiada para hoje. Dan Bartlett, conselheiro da Casa Branca, negou
que se tratasse de uma "esnobada" ao líder iraquiano após o
vazamento do memorando. "O
presidente e o premiê Maliki
terão um diálogo longo e intenso amanhã [hoje] pela manhã."
Bush chegou na noite de ontem a Amã vindo da Letônia,
onde participou da cúpula da
Otan. Desde que seu partido
perdeu as eleições legislativas,
no início do mês, o presidente
tem se dito disposto a ouvir sugestões sobre o Iraque -que vive sua pior fase em termos de
violência contra civis desde a
invasão americana, em março
de 2003.
Colin Powell, secretário de
Estado de Bush na época da invasão, afirmou ontem que o
Iraque está em guerra civil e
exortou os líderes mundiais a
"aceitarem a realidade" -endossando, assim, a nomenclatura adotada nesta semana por
alguns dos principais órgãos de
mídia dos EUA, como a rede de
TV NBC. "Tenho usado esse
termo porque gosto de encarar
a realidade", disse em Dubai.
A agência Reuters afirmou
que o Grupo de Estudos do Iraque, comissão bipartidária encarregada de avaliar a situação
no país e sugerir medidas para
melhorá-la, deve divulgar o relatório com suas recomendações finais no próximo dia 6. O
vice-diretor do grupo, Lee Hamilton, disse que há consenso
sobre as conclusões.
Segundo trechos vazados nos
últimos dias, o grupo deve recomendar que Bush una esforços
com o Irã e a Síria, países com
os quais os EUA não têm elo diplomático, para conter a crise.
O presidente iraquiano, Jalal
Talabani, anunciou ontem em
Teerã que chegou a um acordo
de segurança com o país vizinho, acusado pelos EUA de permitir que terroristas entrem no
Iraque. Ele não deu detalhes.
Já seu colega iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, pediu que
os países deixem de apoiar "terroristas" e exortou os EUA a
saírem do Iraque.
Com agências internacionais
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