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Recusa da China em receber navios dos EUA causa crise
Pequim cita homenagem americana ao dalai lama e venda de armas a Taiwan como razões
Ações dos EUA deterioraram relações entre os países, dizem chineses; para Bush, acontecimento representa um "pequeno incidente"
DO "FINANCIAL TIMES"
Duas recentes decisões chinesas de negar a navios da Marinha dos EUA acesso ao porto
de Hong Kong suscitaram novas questões sobre o futuro do
relacionamento militar entre
as duas potências. Os elos entre
Washington e Pequim vinham
melhorando firmemente desde
a crise causada em 2001 pela
colisão entre um avião norte-americano de espionagem naval e um caça chinês.
A China negou ao porta-aviões USS Kitty Hawk permissão de atracar em Hong Kong,
na semana passada, para o Dia
de Ação de Graças, mesmo que
as famílias dos marinheiros tivessem viajado de avião para lá
a fim de celebrar o feriado. Pequim reverteu sua decisão no
dia seguinte, mas foi tarde demais, porque o Kitty Hawk já
havia partido de volta para seu
porto de origem, no Japão.
Poucos dias antes do incidente com o porta-aviões, a
China havia recusado permissão a dois caça-minas americanos para que se refugiassem de
uma tempestade no porto de
Hong Kong.
Ontem, após muitas especulações sobre a decisão chinesa
-inicialmente atribuída, pela
Casa Branca, a um "engano"-,
o porta-voz do Ministério do
Exterior chinês, Liu Jianchao,
justificou os atos ao dizer que
os laços entre os dois países foram "danificados" por ações
"errôneas" dos EUA.
Ele citou as honras dadas pelo Congresso americano ao dalai lama (inimigo de Pequim
por defender a independência
do Tibete) e as vendas de armas
dos EUA para Taiwan, que a
China considera uma Província
rebelde.
Ontem o presidente dos
EUA, George W. Bush, classificou a decisão chinesa como um
"pequeno incidente", segundo
a assessora da Casa Branca Dana Perino. "O presidente acredita que temos boas relações
com a China, nós temos trabalhados em cooperação com a
China em várias questões diferentes", disse Perino.
Os EUA continuam esperando uma explicação da China sobre um teste de míssil anti-satélites conduzido pelo país em
2006. Os incidentes recentes
aumentaram dúvidas quanto
ao respeito pela hierarquia de
comando em Pequim.
Inicialmente, especialistas
especularam que os chineses
estivessem zangados com o recente anúncio de que os EUA
pretendem vender a Taiwan
versões atualizadas do sistema
de defesa de mísseis que equipa
o país, ou que Pequim talvez tivesse procurado retaliar porque o Kitty Hawk estava observando um grande exercício da
Marinha chinesa.
O almirante reformado Dennis Blair disse que a decisão
chinesa pode refletir uma nova
liderança no comando das Forças Armadas de Pequim. Ele teme que os incidentes prejudiquem a evolução no relacionamento entre as duas Marinhas.
Para tratar da cooperação naval entre os dois países, aliás, o
Colégio de Guerra Naval norte-americano havia marcado uma
conferência na semana que
vem. A presença de um almirante chinês é esperada.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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