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BÁLCÃS
Resultado mostra decepção com forças pró-Ocidente
Mesmo preso, Milosevic é eleito para o novo Parlamento da Sérvia
DA REDAÇÃO
O ex-ditador Slobodan Milosevic e o líder do ultranacionalista
Partido Radical, Vojislav Seselj,
mesmo presos em Haia (Holanda), onde enfrentam julgamento
por crimes de guerra, foram eleitos para o Parlamento da Sérvia.
Apesar de serem pequenas as
chances de os ultranacionalistas,
os maiores vencedores das eleições de domingo, conseguirem
formar um governo, o resultado
representa um golpe para os partidos reformistas pró-Ocidente.
"O sucesso do Partido Radical
se deve principalmente aos fracassos do governo que se encerra", disse Vojislav Kostunica, líder
do Partido Democrático da Sérvia, que ficou em segundo lugar
nas eleições, com 53 cadeiras.
Com 94,9% da apuração concluída, o Partido Radical ganhou
81 (27,3% dos votos) dos 250 assentos em disputa. Em terceiro ficou o Partido Democrático, com
37 vagas. O Partido Socialista, de
Milosevic, levou 22 cadeiras. Embora não sejam capazes de formar
uma maioria mesmo unindo-se
aos socialistas, os radicais serão
uma forte oposição para qualquer
que seja o novo governo.
Durante a campanha, o Partido
Radical manteve uma posição de
desafio às potências ocidentais.
Seus candidatos lançaram várias
acusações de corrupção aos líderes pós-Milosevic, criticaram o estado precário da economia do
país e exploraram os vastos sentimentos antiocidentais gerados na
população pelos bombardeios da
Otan (a aliança militar ocidental)
em 1999 para forçar a desocupação de Kosovo.
União contra radicais
A União Européia instou os partidos pró-democracia a se unirem
em um governo reformista para
fazer frente aos radicais, que triplicaram sua bancada. "Faço um
apelo a todas as forças democráticas a trabalharem juntas para garantir que um novo governo, baseado em uma clara e forte agenda européia de reformas, possa
ser formado rapidamente", afirmou Javier Solana, chefe da diplomacia da UE. Somados, os partidos reformistas conseguiram
42% dos votos.
Segundo Murat Mercan, observador das eleições enviado pelo
Parlamento Europeu, a eleição de
Milosevic e Seselj "envia uma
mensagem negativa". "Apesar de
não ser contra a lei, mostra uma
falta de responsabilidade política
e é um lembrete de que alguns
partidos sérvios ainda estão envolvidos com o legado do passado
denunciado", disse Mercan.
Apesar de eleitos, Milosevic e
Seselj não poderão assumir os
cargos de deputado por estarem
presos. Milosevic, que ficou no
poder por 13 anos, está sendo julgado em Haia desde 2002 por 66
acusações de crimes de guerra, incluindo genocídio, contra Croácia, Bósnia e Kosovo. Seselj está
no Tribunal Penal Internacional
devido à acusação de ter permitido que milícias paramilitares sob
seu controle matassem e torturassem não-sérvios durante as guerras dos Bálcãs nos anos 90.
Com agências internacionais
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