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São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003

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BÁLCÃS

Resultado mostra decepção com forças pró-Ocidente

Mesmo preso, Milosevic é eleito para o novo Parlamento da Sérvia

DA REDAÇÃO

O ex-ditador Slobodan Milosevic e o líder do ultranacionalista Partido Radical, Vojislav Seselj, mesmo presos em Haia (Holanda), onde enfrentam julgamento por crimes de guerra, foram eleitos para o Parlamento da Sérvia. Apesar de serem pequenas as chances de os ultranacionalistas, os maiores vencedores das eleições de domingo, conseguirem formar um governo, o resultado representa um golpe para os partidos reformistas pró-Ocidente.
"O sucesso do Partido Radical se deve principalmente aos fracassos do governo que se encerra", disse Vojislav Kostunica, líder do Partido Democrático da Sérvia, que ficou em segundo lugar nas eleições, com 53 cadeiras.
Com 94,9% da apuração concluída, o Partido Radical ganhou 81 (27,3% dos votos) dos 250 assentos em disputa. Em terceiro ficou o Partido Democrático, com 37 vagas. O Partido Socialista, de Milosevic, levou 22 cadeiras. Embora não sejam capazes de formar uma maioria mesmo unindo-se aos socialistas, os radicais serão uma forte oposição para qualquer que seja o novo governo.
Durante a campanha, o Partido Radical manteve uma posição de desafio às potências ocidentais. Seus candidatos lançaram várias acusações de corrupção aos líderes pós-Milosevic, criticaram o estado precário da economia do país e exploraram os vastos sentimentos antiocidentais gerados na população pelos bombardeios da Otan (a aliança militar ocidental) em 1999 para forçar a desocupação de Kosovo.

União contra radicais
A União Européia instou os partidos pró-democracia a se unirem em um governo reformista para fazer frente aos radicais, que triplicaram sua bancada. "Faço um apelo a todas as forças democráticas a trabalharem juntas para garantir que um novo governo, baseado em uma clara e forte agenda européia de reformas, possa ser formado rapidamente", afirmou Javier Solana, chefe da diplomacia da UE. Somados, os partidos reformistas conseguiram 42% dos votos.
Segundo Murat Mercan, observador das eleições enviado pelo Parlamento Europeu, a eleição de Milosevic e Seselj "envia uma mensagem negativa". "Apesar de não ser contra a lei, mostra uma falta de responsabilidade política e é um lembrete de que alguns partidos sérvios ainda estão envolvidos com o legado do passado denunciado", disse Mercan.
Apesar de eleitos, Milosevic e Seselj não poderão assumir os cargos de deputado por estarem presos. Milosevic, que ficou no poder por 13 anos, está sendo julgado em Haia desde 2002 por 66 acusações de crimes de guerra, incluindo genocídio, contra Croácia, Bósnia e Kosovo. Seselj está no Tribunal Penal Internacional devido à acusação de ter permitido que milícias paramilitares sob seu controle matassem e torturassem não-sérvios durante as guerras dos Bálcãs nos anos 90.


Com agências internacionais


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