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Bebê de 6 meses é resgatado após 72 horas
DA REDAÇÃO
Uma garotinha de seis meses foi
resgatada ontem com vida nos escombros da cidade iraniana de
Bam. Ela sobreviveu protegida
pelos braços da mãe, morta durante o terremoto de sexta-feira.
O episódio provocou inesperada euforia, em meio ao luto e aos
milhares de cadáveres que as
equipes de resgate iranianas e estrangeiras retiram das ruínas da
cidade histórica iraniana.
O bebê se chama Nassin e estava
excepcionalmente saudável, apesar do período de 72 horas sem se
alimentar ou ingerir líquidos, disse à agência de notícias Reuters o
chefe de uma equipe de resgate.
Os pais e os irmãos de Nassin
morreram com o desabamento
da casa em que moravam. Mas a
bebê foi a única sobrevivente porque, no momento em que o solo
começou a tremer e as paredes a
tombarem como folhas de cartolina, ela foi protegida pelos braços
de sua mãe.
Depois de abraçá-la, a mãe virou-se para o chão e transformou
o próprio corpo em escudo contra
o teto que despencava.
Nassin chorava ao ser retirada
ontem das ruínas. Estava enrolada num xale. Sobre ela, o corpo de
sua mãe, já decomposto.
Ainda ontem uma garota de 12
anos também foi resgatada debaixo das ruínas de sua casa. Ela estava enfraquecida pela desnutrição
e com uma perna fraturada.
No sábado uma outra criança
foi encontrada com vida por uma
equipe austríaca de resgate, que
utilizou cães farejadores para localizá-la. O garoto morreu em seguida, em parte pela gravidade
dos ferimentos, em parte porque
foi sufocado por parentes que
correram para abraçá-lo.
"Linha de montagem"
O jornal "The Independent"
descreve a rotina das equipes de
coveiros que trabalham em Bam e
cidades vizinhas. "É uma operação parecida com a de uma linha
de montagem industrial", diz o
jornal britânico.
Os túmulos coletivos são abertos por tratores. Em seguida trabalhadores com máscaras para se
proteger do odor cada vez mais
forte da putrefação atiram os cadáveres para dentro das valas.
Outros tratores então se encarregam de tapá-las, levantando
uma poeira amarelada e partindo
para a abertura e o fechamento
das valas seguintes. Uma das extremidades da vala ainda é preenchida de mortos enquanto a outra
extremidade já é coberta de terra.
Os cadáveres chegam ao local
reservado ao sepultamento na
carroçaria de caminhões, empilhados em caminhonetes ou no
assento traseiro de automóveis
particulares.
Não há a possibilidade de alinhar os cadáveres no fundo da sepultura. Eles são empilhados.
Chegam normalmente envoltos
por lençóis ou mantas de lã. Exalam um cheiro fortíssimo.
Os coveiros são quase todos voluntários, do Crescente Vermelho
Iraniano ou de uma milícia islâmica. Ao lado deles trabalham
equipes de religiosos que dão
conta sumariamente do ritual islâmico de sepultamento.
Os cadáveres deveriam ter o
rosto, as costas e as mãos lavados.
Mas não há água. Os mulás limpam o rosto com areia, ou às vezes
nem isso conseguem fazer em razão da quantidade de mortos.
Uma vala com 40 cadáveres começa a ser coberta. Mais adiante
aguardam sepultamento alguma
dezenas de crianças.
Com agências internacionais
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