São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2004

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JUSTIÇA

Juppé pega 18 meses de prisão com direito a sursis

Ex-premiê da França, aliado de Chirac, é condenado por corrupção

DA REUTERS

Uma corte francesa condenou ontem o ex-premiê Alain Juppé, por corrupção, a 18 meses de prisão com direito a sursis e a dez anos de inelegibilidade, pondo fim à sua ambição de ser presidente do país. Juppé havia declarado que, se fosse considerado culpado, deixaria a política.
O caso diz respeito a empregos fictícios da RPR (Reunião pela República), que era o partido de Juppé e do presidente Jacques Chirac até 2002, em Paris. Juppé presidiu a RPR de 1988 a 1993 e foi responsável pelas finanças de Paris de 1983 a 1995 sob o comando de Chirac. Este foi prefeito da capital de 1977 a 1995.
O caso dos empregos fictícios da RPR ocorreu durante o período em que Juppé, 58, era do gabinete de Chirac na Prefeitura de Paris. Quando Chirac assumiu a Presidência, em maio de 1995, Juppé se tornou premiê, permanecendo no cargo até 1997, quando o presidente decidiu dissolver a Assembléia Nacional.
Um advogado de Juppé afirmou que apelaria da sentença depois que a corte de Nanterre revelou seu veredicto. A decisão judicial foi negativa para Chirac. Ele dissera, anteriormente, que, se decidisse não buscar um terceiro mandato em 2007, lutaria para que Juppé fosse o candidato da UMP (União por um Movimento Popular) -o atual partido do presidente.
Enquanto for presidente, Chirac não poderá ser alvo da Justiça francesa. Juppé, que foi julgado ao lado de outras 26 pessoas, estava na corte quando o veredicto foi lido, mas não quis comentar o caso.
De acordo com Francis Szpiner, um dos advogados de Juppé, a corte puniu o ex-premiê porque queria "removê-lo da vida política francesa". "Trata-se de uma decisão de uma corte que quer mostrar sua superioridade sobre o mundo político com base num caso cujo conteúdo é questionável", declarou Szpiner ao deixar a corte, em Nanterre.
Com isso, ganha força dentro da UMP o atual ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, cuja ambição de se tornar presidente é "clara", segundo analistas. Porém seus recentes problemas com Chirac poderão minar suas chances.
Juppé manterá seu posto de deputado na Assembléia Nacional e o de prefeito de Bordeaux (sudoeste da França) até que o recurso de sua defesa seja analisado. Na França, o acúmulo de mandatos não é proibido.


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