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Entrega de reféns das Farc será feita em três etapas
Comitiva colombiana partirá hoje em dois helicópteros cedidos pelo Exército brasileiro
Segundo senadora, grupo entregará quatro militares amanhã, ex-governador de Meta na segunda-feira e
ex-deputado na quarta
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Parte hoje, da cidade amazonense de São Gabriel da Cachoeira, a missão que tirará da
selva, com apoio logístico do
Brasil, seis reféns que as Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) prometeram
libertar. A previsão é que a entrega dos sequestrados aconteça em três etapas, de amanhã
até a próxima quarta-feira.
Quem afirma é a senadora
colombiana Piedad Córdoba,
de oposição, que chegou ontem
a São Gabriel, onde já estavam
os dois helicópteros Cougar do
Exército brasileiro cedidos para a missão. Córdoba, por exigência da guerrilha, integrará a
comitiva que receberá os reféns. A missão será coordenada
pelo Comitê Internacional da
Cruz Vermelha (CICV).
Segundo a senadora, as Farc
se comprometeram a entregar,
no domingo, três soldados e um
policial -seus nomes só serão
conhecidos hoje, quando o governo telefonar para seus familiares. Na segunda-feira, será a
vez da libertação do ex-governador do departamento (Estado) de Meta, Alan Jara, 51, capturado em 2001. Finalmente,
na quarta, sairá da selva o ex-deputado Sigifredo López, 45,
cativo desde 2002.
O Exército brasileiro é mais
cauteloso ao falar de prazos e
menciona que as condições
meteorológicas podem atrasar
ou dificultar os planos. Dezoito
militares do Brasil e dois mecânicos de voo estarão envolvidos
na operação.
Nenhum deles nem os helicópteros levarão armas, afirmam fontes do Exército, e citam dois motivos: o caráter humanitário da missão, além da
praxe militar de não visitar outros países portando armas.
Os Cougar têm autonomia de
voo de 5 horas e podem levar
até 20 pessoas. Além de Córdoba, estarão a bordo dos helicópteros os escritores e jornalistas
Daniel Samper Pizano e Jorge
Enrique Botero e a ativista Olga
Amparo Sánchez.
Os três e a senadora são integrantes do grupo de intelectuais, a maioria de esquerda,
chamado "Colombianos pela
Paz", que começou uma troca
de correspondência no ano
passado com as Farc, para estimular uma negociação política
cada vez mais improvável entre
Bogotá e a guerrilha.
Fiadores
Foi nessa correspondência
que as Farc, bastante enfraquecidas militar e politicamente,
anunciaram que soltariam os
seis reféns, em sinal de "boa
vontade" e com a esperança de
relançar a ideia do intercâmbio
humanitário: a troca de um
grupo de 28 sequestrados "políticos" por guerrilheiros presos.
Bogotá, porém, rejeita a proposta. Ontem, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, voltou
a prometer recompensa e liberdade aos rebeldes que desertarem e entregarem os reféns.
Se exitosa, a missão será a
primeira libertação unilateral
desde fevereiro, quando a guerrilha entregou quatro ex-congressistas ao presidente venezuelano, Hugo Chávez -então
defensor das Farc e interessado
em mediar acordo com Bogotá.
De lá para cá, a situação da
guerrilha piorou muito: Chávez
se reaproximou de Uribe e tem
marcado distância das Farc.
Numa operação bem-sucedida
e controversa, em julho, os militares colombianos conseguiram resgatar 15 reféns de uma
vez, incluindo a franco-colombiana Ingrid Betancourt. Um
outro refém escapou, com auxílio de um desertor.
Desta vez, os guerrilheiros
também exigiram a participação de um "fiador" estrangeiro,
na tentativa de ganhar algum
holofote internacional. Contou
para a escolha do Brasil para a
tarefa e a aceitação de Bogotá o
perfil discreto de Brasília, que
não fez comentários sobre a entrega, cortando espaço de interlocução política com as Farc.
Em Bogotá, amanhã, os familiares dos sequestrados participarão de uma missa para saudar a libertação. Cali, cidade do
ex-deputado Sigifredo López,
também prepara uma festa.
(HUDSON CORRÊA E FLÁVIA MARREIRO)
Com agências internacionais
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