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Polícia mata dois grevistas na Venezuela
Mortes aconteceram durante ação de despejo em fábrica da Mitsubishi
Incidente foi no Estado de Anzoátegui, governado por chavista, que admitiu que os policiais não deveriam ter utilizado armas de fogo
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Dois funcionários terceirizados da montadora japonesa
Mitsubishi foram mortos anteontem à noite durante operação de desalojo na cidade venezuelana de Barcelona, a 310 km
a leste de Caracas. As mortes
foram atribuídas à polícia do
Estado de Anzoátegui, governado pelo chavista Tarek William Saab.
A fábrica estava tomada desde o dia 12 por filiados ao Singetram, sindicato que reúne os
trabalhadores da montadora.
Eles exigiam a contratação de
135 funcionários terceirizados
de uma empresa dispensada
pela MMC (Mitsubishi Motors
Corporation) no mês passado.
A operação obedeceu a uma
decisão judicial para desocupar
a fábrica. O confronto deixou
ainda outros seis funcionários e
dois policiais feridos -até ontem à tarde, não havia informações confirmadas sobre se foram atingidos por armas de fogos. Os trabalhadores mortos
foram identificados como Pedro Suárez Poito, 23, e José Gabriel Marcano, 36.
Em entrevista coletiva, William Saab disse que afastou todos os policiais envolvidos na
operação. Ele admitiu que não
está permitido o uso de armas
de fogo em ações desse tipo.
Segundo ele, há "muitas versões" sobre o que ocorreu e,
portanto, é preciso esperar o
resultado das investigações.
Em nota, o ministro Roberto
Hernández (Trabalho) condenou "o uso da força em conflitos estritamente de caráter trabalhista, pois podem ser resolvidos na mesa de negociação".
O presidente Hugo Chávez não
falou sobre o confronto.
Segundo a MMC, alguns dos
invasores não eram trabalhadores e estavam armados. O
prejuízo pela paralisação estaria em cerca de US$ 1,5 milhão.
Já o secretário do Singetram,
Félix Martínez, atribuiu o incidente à "desorganização e irresponsabilidade" da MMC,
que estaria se recusando a negociar. Ele acusou o chefe do
grupo de Ação Imediata Policial, Manuel Ortiz, de dar a ordem para disparar.
Nos últimos meses, fábricas
de multinacionais têm sido tomadas ou bloqueadas por trabalhadores por causa de conflitos trabalhistas, entre as quais a
GM e a Coca-Cola.
No ano passado, um desses
impasses trabalhistas resultou
na nacionalização da siderúrgica Sidor, a maior da Venezuela,
com controle acionário da empresa argentina Techint.
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