São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2009

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Polícia mata dois grevistas na Venezuela

Mortes aconteceram durante ação de despejo em fábrica da Mitsubishi

Incidente foi no Estado de Anzoátegui, governado por chavista, que admitiu que os policiais não deveriam ter utilizado armas de fogo

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

Dois funcionários terceirizados da montadora japonesa Mitsubishi foram mortos anteontem à noite durante operação de desalojo na cidade venezuelana de Barcelona, a 310 km a leste de Caracas. As mortes foram atribuídas à polícia do Estado de Anzoátegui, governado pelo chavista Tarek William Saab.
A fábrica estava tomada desde o dia 12 por filiados ao Singetram, sindicato que reúne os trabalhadores da montadora. Eles exigiam a contratação de 135 funcionários terceirizados de uma empresa dispensada pela MMC (Mitsubishi Motors Corporation) no mês passado.
A operação obedeceu a uma decisão judicial para desocupar a fábrica. O confronto deixou ainda outros seis funcionários e dois policiais feridos -até ontem à tarde, não havia informações confirmadas sobre se foram atingidos por armas de fogos. Os trabalhadores mortos foram identificados como Pedro Suárez Poito, 23, e José Gabriel Marcano, 36.
Em entrevista coletiva, William Saab disse que afastou todos os policiais envolvidos na operação. Ele admitiu que não está permitido o uso de armas de fogo em ações desse tipo.
Segundo ele, há "muitas versões" sobre o que ocorreu e, portanto, é preciso esperar o resultado das investigações.
Em nota, o ministro Roberto Hernández (Trabalho) condenou "o uso da força em conflitos estritamente de caráter trabalhista, pois podem ser resolvidos na mesa de negociação". O presidente Hugo Chávez não falou sobre o confronto.
Segundo a MMC, alguns dos invasores não eram trabalhadores e estavam armados. O prejuízo pela paralisação estaria em cerca de US$ 1,5 milhão.
Já o secretário do Singetram, Félix Martínez, atribuiu o incidente à "desorganização e irresponsabilidade" da MMC, que estaria se recusando a negociar. Ele acusou o chefe do grupo de Ação Imediata Policial, Manuel Ortiz, de dar a ordem para disparar.
Nos últimos meses, fábricas de multinacionais têm sido tomadas ou bloqueadas por trabalhadores por causa de conflitos trabalhistas, entre as quais a GM e a Coca-Cola.
No ano passado, um desses impasses trabalhistas resultou na nacionalização da siderúrgica Sidor, a maior da Venezuela, com controle acionário da empresa argentina Techint.


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