São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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Saiba quem foi Mark Twain

da Sucursal de Brasília

Mark Twain (1835-1910), principal escritor dos EUA de seu tempo, não escapou da polêmica causada pela escravidão, tema que dividiu o país até levá-lo à Guerra Civil, no século 19.
Sua reputação até agora é vítima da controvérsia a respeito de suas posições quanto às relações raciais: centenas de escolas do país proíbem a leitura do clássico "Huckleberry Finn" por considerá-lo racista.
Samuel Langhorne Clemens (nome verdadeiro de Twain) alistou-se no Exército Confederado, que lutou pela permanência da escravidão, quando a Guerra Civil começou.
Mas desertou três semanas depois. Nascido em Missouri, sul do país, região que mais usava a mão-de-obra escrava, aprendeu que ajudar um escravo a fugir era crime e pecado.
Ainda assim, seu maior personagem, o menino branco Huckleberry, ajuda o amigo negro Jim a fugir.
Líderes negros atuais dizem que a atitude de Huck não exime Twain de culpa por racismo porque o garoto age movido pelo amor individual por Jim, não por princípio político ou moral.
Antes, durante e logo após a Guerra Civil (1861-1865), Clemens escreveu para jornais. Começou a ficar conhecido nacionalmente quando o "New York Saturday Press" publicou uma série de contos humorísticos, em 1865. Depois, a importante revista semanal "Harper"s" o contratou.
O prestígio intelectual veio a partir do livro "As Aventuras de Tom Sawyer", de 1876. Sawyer e Finn se tornaram personagens definitivos da literatura norte-americana e mundial.
Foram compostos a partir da experiência de moleque do autor, criado no campo à beira do rio Mississippi.
Intelectuais negros mais lúcidos, como Ralph Ellison (autor de "O Homem Invisível"), nunca acusaram Twain. Ellison, criado no sul um século depois, dizia entender os dramas de consciência de um branco sensível e humano naquela região no século 19 e que eles foram descritos com precisão por Twain. (CELS)



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