São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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Conheça o processo de impeachment contra Johnson

da Sucursal de Brasília

O impeachment de Andrew Johnson foi levado muito mais a sério pelos norte-americanos do que o de Bill Clinton.
Houve momentos, como mostra o texto de Mark Twain, em que se chegou a temer que ele desembocasse em nova guerra civil. O motivo formal para o pedido de impeachment foi a demissão do secretário da Guerra, Edwin Stanton.
O Partido Republicano, de oposição, argumentou que ela contrariava uma lei que proibia o presidente de demitir secretários de Estado sem consultar o Senado.
Mas a razão real do movimento contra Johnson tinha a ver com a "reconstrução", como se chamou o processo de reunificação do país depois do fim da Guerra Civil.
Johnson, um alfaiate que só se alfabetizou depois de casado e tinha reputação de alcoólatra, foi o único senador do Sul do país a permanecer leal à União na guerra.
Por isso, foi escolhido por Lincoln como companheiro de chapa na campanha pela reeleição, em 1864, apesar de pertencer ao partido de oposição ao presidente (Democrata), que era republicano.
Ao assumir o poder, com a morte de Lincoln, Johnson tomou medidas consideradas lenientes pelos republicanos no que se referia à reintegração dos Estados do Sul à União.
O Partido Republicano tinha maioria no Congresso e afrontou o presidente várias vezes. Por exemplo, ao recusar a posse de vários parlamentares eleitos pelo sul que haviam sido líderes do Exército Confederado durante a guerra.
Johnson retaliou com sucessivos vetos a projetos de lei aprovados pelo Congresso, como o que dava direito de cidadania aos negros.
O ambiente político entre o presidente e o Congresso se envenenou até chegar ao impeachment.
A Câmara o aprovou em 24 de fevereiro de 1868 por 124 votos a 46.
No Senado, na época com 54 integrantes, eram precisos 36 votos para retirar Johnson do poder.
Havia 42 republicanos e 12 democratas na Casa. O julgamento começou em 30 de março de 1868.
A votação final, em 26 de maio, acabou com 35 senadores a favor do impeachment.
Quem deu a vitória a Johnson foi Edmundo Ross, republicano do Kansas, que era um dos maiores críticos de Johnson. Ross justificou-se dizendo que não queria "ferir de morte a Presidência". (CELS)



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