LILIAN CHRISTOFOLETTI
DE MADRI

O grupo separatista basco ETA anunciou ontem que os próximos alvos de ataques terroristas serão os pontos turísticos da Espanha.
A declaração foi feita por meio nota publicada em dois jornais do País Basco. Para representantes do governo espanhol, a nota é uma forma de o grupo ganhar a atenção internacional.
O ETA aconselhou os "turistas e, principalmente, os espanhóis" a não fazer turismo na Espanha, para "evitar consequências indesejadas".
A organização terrorista assumiu ainda a autoria de 15 atentados ocorridos na Espanha entre 9 de janeiro e 20 de março, que deixaram seis mortos.
Os alvos preferidos são policiais e políticos. Desde que rompeu unilateralmente o acordo de cessar-fogo com o governo, em dezembro de 1999, o ETA já matou 27 pessoas.
O grupo informou que vai continuar com suas ações por toda a Espanha, para, entre outras coisas, "castigar" a polícia do País Basco, que "reprime incessantemente a sociedade basca".

Desculpas
A nota termina com um pedido de desculpas por dois mortos em uma ação terrorista em 22 de fevereiro, quando um carro-bomba foi preparado para assassinar um político socialista. "Foi um erro irreparável. Nossos mais profundos sentimentos às famílias desses dois trabalhadores."
O governo espanhol prometeu que "a paz e a estabilidade de todos os cidadãos vão continuar". Empresários e jornalistas espanhóis ouvidos pela Folha acreditam "parcialmente" nas ameaças feitas pelo ETA.
Eles recordaram o ano de 1997, quando o grupo terrorista colocou bombas em zonas turísticas e preparou artefatos falsos em hotéis e restaurantes conhecidos. Para eles, a ameaça do ETA não deve ser desconsiderada.
Logo após a divulgação da ameaça do ETA, diversos países incluíram em suas páginas na Internet "avisos" e "recomendações" aos seus cidadãos.
O Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, de onde procede o maior número de turistas estrangeiros que visitam a Espanha, informou em sua página eletrônica que o "ETA desaconselha viagens turísticas" ao país.
As mesmas recomendações foram feitas também pelos governos da França, do Reino Unido e dos Estados Unidos.
O governo britânico acredita que "os turistas não terão nenhum problema em suas possíveis viagens para a Espanha, mas devem saber que os roubos não são incomuns e que o ETA produz atentados terroristas esporadicamente".
Na página virtual, o governo acrescenta que "os cidadãos britânicos que vivem ou visitam a Espanha devem saber do risco que correm, apesar de ele ser muito baixo".



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