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ORIENTE MÉDIO
Governo israelense mantém planos para novos ataques; liderança palestina denuncia "crime bárbaro"
Israel mata 6 palestinos durante protestos
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Seis palestinos foram mortos
ontem na Cisjordânia em confronto com soldados israelenses
durante protestos pelo 25º aniversário do Dia da Terra. A data homenageia seis árabes israelenses
mortos em 1976 durante manifestações contra a expropriação de
terras por Israel. Nas comunidades árabes dentro do país, contudo, a data foi lembrada por meio
de passeatas pacíficas.
A onda de protestos foi uma das
maiores desde o início da atual revolta palestina.
Cinco das vítimas de ontem
morreram em Nablus, onde cerca
de 10 mil pessoas saíram às ruas
exigindo o fim da ocupação -em
torno de 50 pessoas ficaram feridas em confrontos contra as tropas de Israel, que chegaram a usar
munição comum.
O sexto palestino foi morto em
Ramallah. Cerca de mil pessoas
marcharam contra uma barreira
de segurança israelense instalada
na cidade, e houve troca de tiros
entre soldados e forças palestinas.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida pelo líder palestino Iasser Arafat, acusou Israel
de ter cometido ontem "um crime
bárbaro, que envergonha a humanidade".
Na Esplanada das Mesquitas
-ou Monte do Templo, para os
judeus-, na Cidade Velha de Jerusalém, policiais entraram em
choque com palestinos que arremessavam pedras contra judeus
que estavam em oração no Muro
das Lamentações.
Em Hebron, sacudida pela violência desde a morte de um bebê
israelense, atingido por uma bala
na cabeça na segunda-feira, tanques de Israel voltaram a bombardear uma região de onde palestinos estariam atacando os colonos
judeus. Prédios e casas em outras
áreas palestinas foram atingidos
ontem.
Vários manifestantes foram feridos também em Gaza, durante
protestos com 5.000 pessoas. Bandeiras de Israel e dos EUA foram
queimadas, e o grupo extremista
islâmico Hamas convocou a população a realizar mais ataques
em solo israelense.
Os choques de ontem nos territórios palestinos fizeram quase
cem feridos. Uma série de atentados terroristas em Israel e o bombardeio aéreo contra Ramallah e
Gaza fizeram desta semana uma
das mais violentas da revolta.
Ao menos 365 palestinos, 13
árabes israelenses e 69 judeus foram mortos na nova Intifada (levante), iniciada em 28 de setembro, após a visita de Ariel Sharon a
lugar disputado em Jerusalém
Oriental -o líder conservador foi
eleito premiê em fevereiro.
Tentativas de contenção
Em novas medidas para tentar
reprimir a revolta, Israel impediu
que ministros palestinos de Gaza
cruzassem o território do país em
direção à Cisjordânia. "Israel não
permitirá a passagem da liderança palestina porque a violência é
promovida por ela", disse um
porta-voz da administração israelense nos territórios ocupados.
A determinação frustrou a reunião semanal do gabinete palestino em Ramallah. Antes os ministros atravessavam o bloqueio imposto a Gaza e à Cisjordânia com
vistos de Israel.
O governo israelense anunciou
ainda que estava determinado a
prosseguir com as operações militares contra os palestinos.
Os EUA, tradicional aliado de
Israel, expressaram anteontem
apoio ao governo do premiê Sharon na pressão sobre a ANP e fez
eco às acusações do líder direitista
contra Arafat.
O presidente George W. Bush,
que criticara o envolvimento "excessivo" do ex-presidente Bill
Clinton no conflito do Oriente
Médio e dissera pretender "facilitar a paz, em vez de forçá-la", culpou Arafat pela escalada e o pressionou a refreá-la. "A mensagem
que estou enviando aos palestinos
é que detenham a violência. Não
posso ser mais claro do que isso e
espero que Arafat ouça bem", declarou.
O ministro palestino do Planejamento pediu que os EUA voltassem à posição de "verdadeiro patrocinador da paz" e "ficassem do
lado das vítimas, só para variar".
A ANP criticou ainda o veto
norte-americano a uma resolução
da ONU que determinaria o envio
de observadores estrangeiros aos
territórios palestinos para a proteção de civis. "A decisão representa um claro encorajamento ao
governo Sharon, para que ele continue com seu plano militar e sua
guerra agressiva contra nosso povo pacífico", afirmou nota da organização.
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, reiterou seu apelo ao início imediato de negociações.
Luto do Dia da Terra
Em Sakhnin, no norte de Israel,
cerca de 10 mil homens, mulheres
e crianças caminharam da mesquita no centro da cidade até o cemitério onde estão enterrados os
seis homens mortos por Israel em
1976. No local estão também os
túmulos de dois árabes israelenses mortos no início da nova Intifada. Durante todo o dia de ontem, lojas e escolas permaneceram fechadas.
"Esta é uma recordação do dia
em que perdemos nosso povo para o governo israelense, para o
Exército de Israel, para a ocupação", disse um palestino de 35
anos.
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