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FECHANDO AS PORTAS
Proposta, que visa a exercer controle maior sobre quem e o que entra no país, gera disputa no governo
Bush quer unificar serviços de fronteira
DAVID E. SANGER
ERIC SCHMITT
DO "THE NEW YORK TIMES"
Parece provável que o presidente Bush aceite a proposta feita por
seus assessores de defesa doméstica no sentido de fundir partes do
Serviço de Imigração e Naturalização (INS, na sigla em inglês) e
do Serviço de Alfândega, formando um novo órgão que exerceria
um controle maior sobre quem e
o que entra no país, anunciaram
representantes do governo.
A recomendação, formulada
numa reunião do Departamento
de Segurança Interna, assinala
um revés considerável para seu
secretário, Tom Ridge. Ele havia
proposto um plano muito mais
ambicioso, que envolvia a criação
de uma agência incluindo outras
organizações governamentais importantes que defendem as fronteiras dos EUA, como a Guarda
Costeira e partes do Departamento de Agricultura. Foi obrigado a
retroceder diante das objeções de
agências do governo que recuaram diante da perspectiva de perder partes importantes de seus
departamentos e orçamentos.
Bush ainda não tomou uma decisão. Mesmo quando ele a anunciar, ela precisará ser aprovada
pelo Congresso, onde o líder da
maioria no Senado, Tom Daschle,
expressou ceticismo considerável.
"Não estou certo de que essa idéia
seja a resposta certa", disse.
O novo organismo de controle
das fronteiras seria subordinado
ao Departamento de Justiça, disseram autoridades, apesar da
preocupação de Ridge, para o
qual é necessária uma transferência de controle mais radical. O
INS, que inclui a Patrulha das
Fronteiras, já é subordinado ao
Departamento de Justiça há anos.
A nova proposta ganhou a
aprovação do secretário de Justiça, John Ashcroft, responsável pela agência de imigração, e do secretário do Tesouro, Paul O'Neill,
que controla a Alfândega.
A iniciativa da Alfândega ajudaria, segundo Ridge, a impor uma
visão única nas fronteiras, mas
também obrigaria o Departamento de Justiça a começar a recolher
taxas sobre bens importados nos
Estados Unidos. Essa é a tarefa
principal do Serviço de Alfândega, que foi criado pelo primeiro
Congresso norte-americano e, essencialmente, encarregaria o secretário da Justiça de uma das tarefas mais complexas nas relações
econômicas dos Estados Unidos
com seus parceiros comerciais.
"A idéia de a Alfândega passar
para o âmbito do Departamento
de Justiça deixaria o pessoal da
Alfândega maluco", disse um alto
assessor republicano da Casa
Branca que participou da discussão sobre a reorganização.
Analistas externos disseram
desconfiar de que o próprio Ridge
não esteja muito satisfeito com o
acordo de meio termo apresentado ao presidente.
"Ridge queria uma consolidação muito maior", disse Ivo Daalder, do Instituto Brookings. "E ele
queria uma agência independente. Basicamente, ele perdeu, porque queria assegurar que as questões relativas à fronteira não fossem sujeitas ao controle de nenhuma outra agência do gabinete.
E o secretário de Justiça ganhou."
Já foi discutida no passado toda
uma gama de propostas para consolidar agências cujo trabalho envolve a implementação de controles nas fronteiras. Estima-se que
entram nos Estados Unidos, diariamente, mais de 1,3 milhão de
pessoas, 340 mil veículos e 58 mil
cargas de navio.
Mas os esforços por consolidação vêm dando errado, até agora,
em função de inércia ou disputas
burocráticas.
A decisão de Bush sobre uma
possível agência de segurança nas
fronteiras alimentou uma discussão crescente no Capitólio sobre a
obrigatoriedade de Ridge responsabilizar-se perante o Congresso.
Bush já afirmou que Ridge, na
qualidade de assessor presidencial, não tem a obrigação de depor
diante de parlamentares.
Mas democratas e republicanos
pediram à Casa Branca que deixe
suas objeções de lado.
"É importante que Ridge faça o
que fazem todos seus colegas: se
apresente diante dos comitês
apropriados no Congresso e justifique o orçamento e as decisões
que eles tomaram", disse Daschle.
O senador John McCain, republicano do Arizona, disse que
Ridge não precisa defender os orçamentos das agências que patrulham a fronteira, mas que deve
depor sobre questões políticas
mais amplas.
Tradução de Clara Allain
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