São Paulo, domingo, 31 de março de 2002

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Burocracia da ONU emperra vinda de afegãos

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

As 25 famílias de refugiados do Afeganistão que deveriam ter chegado ao Brasil em janeiro ainda aguardam autorização de embarque nos campos em que se encontram, no Irã e na Índia.
Mas o Ministério da Justiça diz que o atraso se deve "a problemas burocráticos da ONU", e não ao possível engavetamento da idéia de receber essas pessoas.
A imigração desse pequeno grupo havia sido acertada no ano passado entre o Itamaraty e o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). A idéia foi suspensa após os atentados de 11 de setembro, possivelmente para que fosse feita uma rechecagem sobre as atividades anteriores de cada interessado.
Eles são, por enquanto, a única ponta visível dos filtros que o país instalou em sua fronteira depois dos atentados de setembro.
Formalmente o ingresso no Brasil continua a depender da lei nš 6.816, de agosto de 1980, que regulamenta a entrada e a permanência do grupo heterogêneo de estrangeiros. Essa legislação, diz Luiz Paulo Barreto, diretor do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça, está desatualizada porque não leva em conta o novo fluxo de pessoas numa economia globalizada.
Mas ela ao mesmo tempo é complementada pelas resoluções que o Conselho Nacional de Migração vem sucessivamente baixando.
Nenhuma dessas resoluções teve como motivação o terrorismo islâmico. O que se instituiu -com base em decisões administrativas- foi um mecanismo mais cuidadoso e demorado de checagem dos candidatos a vistos de permanência.
Há sete tipos de vistos. Os números disponíveis no Itamaraty não revelam oscilação capaz de associar a entrada de estrangeiros à peneira do antiterrorismo. De 2000 a 2001, diminuiu muito ligeiramente (de 19.659 para 18.953) o número de vistos dados a quem chega já com contrato de trabalho. A diminuição pode muito bem ter sido provocada pela recessão na economia.
No período, cresceram ligeiramente (de 2.801 para 3.021) os vistos dos que permaneceram por curto período, a negócios. Até 2000, entraram ou saíram do país, entre eles turistas, 7,7 milhões de estrangeiros.



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