São Paulo, domingo, 31 de março de 2002

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MEMÓRIA

Elizabeth, a integrante da família real mais querida dos súditos do Reino Unido, morreu enquanto dormia

Rainha-mãe britânica morre aos 101 anos

DA REDAÇÃO

A rainha-mãe Elizabeth, 101, do Reino Unido, morreu ontem enquanto dormia, de acordo com um comunicado oficial. Mãe da rainha Elizabeth 2ª, Elizabeth Angela Marguerite Bowes-Lyon foi rainha consorte do rei George 6º de 1937 a 1952, ano em que o rei morreu e a coroa passou para a filha mais velha do casal.
Sua morte aconteceu pouco menos de dois meses depois da de sua filha mais nova, a princesa Margaret, 71.
"A rainha Elizabeth, a rainha-mãe, vinha se tornando cada vez mais fraca nas últimas semanas por causa da infecção respiratória que teve no Natal", disse um porta-voz da família real britânica.
"Seu estado de saúde piorou hoje [ontem" de manhã, e seus médicos foram chamados. A rainha-mãe morreu em paz enquanto dormia, às 15h15", declarou.
Ela continuava tão popular quanto era durante a Segunda Guerra. Para os mais jovens, ela era conhecida como a mãe da rainha Elizabeth 2ª e como a avó do príncipe Charles. Os que foram jovens durante o confronto mundial (1939-45), quando bombas alemãs explodiam em Londres e boa parte da população já esperava a invasão alemã, lembram-se dela como a rainha que permaneceu no país, em vez de fugir para o Canadá, que resistiu aos ataques alemães e que visitou casas e abrigos destruídos.
Como rainha consorte de George 6º, esperava-se que ela se aposentasse após a morte dele, em 1952. Todavia, depois que sua filha foi coroada, ela recebeu um novo título, o de rainha Elizabeth, a rainha-mãe, e retomou suas tarefas como parte da realeza. Ela continuou ativa até o início da década passada.
Durante duas gerações de transformações sociais e tragédias, em que Edward 8º abdicou para se casar com uma plebéia, a norte-americana divorciada Wallis Simpson (1936), em que houve a coroação de George 6º e a devastação da Segunda Guerra, a rainha-mãe surgiu como o maior símbolo da monarquia britânica.
Ela havia se casado com o príncipe Albert, duque de York, segundo filho do rei George 5º. Tiveram duas filhas e viveram tranquilamente até 1936. Houve, então, a abdicação de Edward 8º, e Albert teve de assumir o trono. Ao se tornar rei, Albert decidiu adotar o nome de George 6º.
"Se o Reino Unido tivesse vivido uma revolução nos últimos 80 anos, a rainha-mãe certamente teria sido poupada pelos revolucionários. Diferentemente do que ocorre com alguns de seus familiares, ela nunca deu a impressão de dar um passo em falso", afirmou o parlamentar William Hamilton, que sempre foi um veemente opositor da monarquia.
Apesar das palavras amáveis até dos críticos ao sistema monárquico, os gastos dos Windsors foram alvo de discussões no Parlamento nos últimos anos, e a rainha-mãe tinha acumulado dívidas de milhões de libras. Os jornais sensacionalistas britânicos também exploravam muito o gosto da rainha-mãe pelo gim.
O premiê britânico, Tony Blair, disse que a rainha-mãe era um "símbolo de decência e coragem" para o país. Nos EUA, a Casa Branca, em nota oficial afirmou que o presidente George W. Bush estava "profundamente triste".
O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou ontem condolências, em seu nome e no da população brasileira.
O Consulado do Reino Unido em São Paulo vai deixar um livro de condolências para ser assinado pelo público de terça a sexta-feira, das 10h às 16h. O endereço é rua Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros.



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