São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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REINO UNIDO

País especula sobre uma possível crise econômica da monarca às vésperas dos festejos de seus 50 anos no trono

Rainha Elizabeth enfrenta problemas financeiros

ROBERT VERKAIK
DO "THE INDEPENDENT"

Às vésperas das celebrações de seu jubileu de ouro (50 anos no trono), que começam amanhã e devem se estender até o meio da semana que vem, a rainha Elizabeth 2ª, 76, do Reino Unido, vislumbra a possibilidade de uma embaraçosa crise financeira.
Embora seja impossível falar com precisão sobre a escala do problema, já que o Palácio de Buckingham não entra em detalhes sobre o assunto, estima-se que a rainha esteja usando,por ano, quase US$ 22 milhões a mais de sua renda pessoal do que usava em 1993. Naquele ano, a rainha chegou a um acordo com o então premiê, o conservador John Major, para reduzir o dinheiro destinado a ela pelo Estado e abdicou do direito de não pagar impostos.
O Palácio de Buckingham, que estima a fortuna pessoal de Elizabeth 2ª, contando dinheiro, ações e investimentos, em cerca de US$ 145 milhões, afirma que as finanças da rainha estão "totalmente comprometidas".
Pela primeira vez, sua fazenda em Sandingham está trabalhando no vermelho, por causa dos efeitos da aftosa. Suas participações societárias têm diminuído também, por causa da falta de vitalidade da economia.
Nos últimos seis meses, por exemplo, a rainha teve de usar recursos pessoais para cobrir gastos adicionais de US$ 8,8 milhões -incluindo aí débitos de US$ 5,8 milhões deixados pela rainha-mãe e US$ 730 mil por ano dados ao príncipe Edward, seu caçula.
Não há dúvidas de que a rainha seja rica. A lista dos mais ricos publicada neste ano pelo jornal "Sunday Times" estima a fortuna pessoal dela em US$ 400 milhões. Já o chefe de gabinete de Elizabeth 2ª diz que a estimativa de US$ 145 milhões é "um exagero".
A revelação das dificuldades de caixa da rainha acende o debate sobre os custos e a utilidade da monarca e de sua família.
Analistas consultados pelo "Independent" dizem que, embora Elizabeth 2ª realmente tenha um grande patrimônio, ela pode chegar à incômoda situação de não ter dinheiro para pagar as contas.
Além disso, continua não sendo claro qual parte do patrimônio pertence mesmo a ela e qual parte pertence ao Estado, o que seria um complicador na venda de propriedades ou obras de arte.
Há dois anos, o palácio e o governo fizeram um acordo, acertando que os repasses públicos anuais para a família real ficariam congelados em US$ 11,5 milhões até 2011. Mas assessores de Elizabeth 2ª admitem que, se a inflação crescer de modo significativo, a rainha pode ter de ir ao Parlamento pedir mais dinheiro.
Para Vernon Bogdanor, professor da Universidade Oxford, "há um princípio intrínseco à monarquia constitucional: o de que o soberano permaneça independente financeiramente em relação ao "governo do dia". Seria embaraçoso para a rainha ir ao Parlamento pedir mais dinheiro".
Alguns parlamentares já pedem ao Palácio de Buckingham que exponha sua contabilidade. "É muito importante que o público saiba quais despesas da monarquia são pagas pelos contribuintes e quais são pagas pela própria casa real", diz Geraint Davies, do Partido Trabalhista e membro do Comitê de Contas Públicas do Parlamento.
O Palácio de Buckingham nega oficialmente que Elizabeth 2ª enfrente problemas financeiros.



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