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REINO UNIDO
País especula sobre uma possível crise econômica da monarca às vésperas dos festejos de seus 50 anos no trono
Rainha Elizabeth enfrenta problemas financeiros
ROBERT VERKAIK
DO "THE INDEPENDENT"
Às vésperas das celebrações de
seu jubileu de ouro (50 anos no
trono), que começam amanhã e
devem se estender até o meio da
semana que vem, a rainha Elizabeth 2ª, 76, do Reino Unido, vislumbra a possibilidade de uma
embaraçosa crise financeira.
Embora seja impossível falar
com precisão sobre a escala do
problema, já que o Palácio de
Buckingham não entra em detalhes sobre o assunto, estima-se
que a rainha esteja usando,por
ano, quase US$ 22 milhões a mais
de sua renda pessoal do que usava
em 1993. Naquele ano, a rainha
chegou a um acordo com o então
premiê, o conservador John Major, para reduzir o dinheiro destinado a ela pelo Estado e abdicou
do direito de não pagar impostos.
O Palácio de Buckingham, que
estima a fortuna pessoal de Elizabeth 2ª, contando dinheiro, ações
e investimentos, em cerca de US$
145 milhões, afirma que as finanças da rainha estão "totalmente
comprometidas".
Pela primeira vez, sua fazenda
em Sandingham está trabalhando
no vermelho, por causa dos efeitos da aftosa. Suas participações
societárias têm diminuído também, por causa da falta de vitalidade da economia.
Nos últimos seis meses, por
exemplo, a rainha teve de usar recursos pessoais para cobrir gastos
adicionais de US$ 8,8 milhões
-incluindo aí débitos de US$ 5,8
milhões deixados pela rainha-mãe e US$ 730 mil por ano dados
ao príncipe Edward, seu caçula.
Não há dúvidas de que a rainha
seja rica. A lista dos mais ricos publicada neste ano pelo jornal
"Sunday Times" estima a fortuna
pessoal dela em US$ 400 milhões.
Já o chefe de gabinete de Elizabeth
2ª diz que a estimativa de US$ 145
milhões é "um exagero".
A revelação das dificuldades de
caixa da rainha acende o debate
sobre os custos e a utilidade da
monarca e de sua família.
Analistas consultados pelo "Independent" dizem que, embora
Elizabeth 2ª realmente tenha um
grande patrimônio, ela pode chegar à incômoda situação de não
ter dinheiro para pagar as contas.
Além disso, continua não sendo
claro qual parte do patrimônio
pertence mesmo a ela e qual parte
pertence ao Estado, o que seria
um complicador na venda de propriedades ou obras de arte.
Há dois anos, o palácio e o governo fizeram um acordo, acertando que os repasses públicos anuais para a família real ficariam
congelados em US$ 11,5 milhões
até 2011. Mas assessores de Elizabeth 2ª admitem que, se a inflação
crescer de modo significativo, a
rainha pode ter de ir ao Parlamento pedir mais dinheiro.
Para Vernon Bogdanor, professor da Universidade Oxford, "há
um princípio intrínseco à monarquia constitucional: o de que o soberano permaneça independente
financeiramente em relação ao
"governo do dia". Seria embaraçoso para a rainha ir ao Parlamento
pedir mais dinheiro".
Alguns parlamentares já pedem
ao Palácio de Buckingham que
exponha sua contabilidade. "É
muito importante que o público
saiba quais despesas da monarquia são pagas pelos contribuintes e quais são pagas pela própria
casa real", diz Geraint Davies, do
Partido Trabalhista e membro do
Comitê de Contas Públicas do
Parlamento.
O Palácio de Buckingham nega oficialmente que Elizabeth 2ª enfrente problemas financeiros.
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