São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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ÁSIA

Aumento da tensão leva Washington a tentar intervir no conflito entre os dois países, que dispõem de arsenal nuclear

EUA enviam Rumsfeld a Índia e Paquistão

DA REUTERS

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que enviaria seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, ao sul da Ásia na próxima semana, intensificando a pressão para impedir uma guerra entre Índia e Paquistão.
Bush afirmou que o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, deve impedir a incursão de separatistas baseados no Paquistão na parte da Caxemira controlada pela Índia -que causou duas guerras entre os vizinhos desde 1947.
"Somos parte de uma coalizão internacional pressionando ambos os países, particularmente Musharraf", disse Bush. "Ele precisa impedir as incursões através da Linha de Controle [que divide a Caxemira". Ele disse que o faria. Estamos deixando claro que ele precisa honrar suas palavras."
A Índia controla cerca de 45% da Caxemira; o Paquistão, cerca de 33%; e a China, o restante.
A Índia acusa o Paquistão de incitar e armar separatistas na parte da Caxemira controlada pela Índia. O Paquistão nega e diz que dá apenas apoio moral à sua "luta legítima pela autodeterminação".
Mais cedo, o Paquistão dissera que estava considerando a possibilidade de transferir soldados da fronteira com o Afeganistão para a fronteira com a Índia.
O canal de TV CNN, citando fontes do governo americano, disse ontem que os EUA acreditam que membros da Al Qaeda possam estar tentando fomentar o conflito entre os dois países para "distrair" o governo paquistanês de sua missão de perseguir a rede terrorista e seus aliados.
Mas Bush advertiu que a Al Qaeda -responsabilizada pelos atentados de 11 de setembro- não deveria esperar se beneficiar de um possível conflito entre a Índia e o Paquistão, dizendo que as forças americanas iria "caçar" seus integrantes pacientemente.
As mesmas fontes, segundo a CNN, afirmaram que a Índia havia começado a trabalhar para armar mísseis de médio alcance com ogivas convencionais. Os mísseis também podem levar ogivas nucleares. O Paquistão testou mísseis no último fim de semana.
"Estamos deixando muito claro à Índia e ao Paquistão que uma guerra não serviria a seus interesses", afirmou Bush na Casa Branca, ao lado de Rumsfeld e do secretário de Estado, Colin Powell.
Rumsfeld disse que os EUA haviam refletido sobre os efeitos de uma guerra nuclear e dividiriam suas conclusões com ambos os lados, mas não quis fornecer detalhes sobre sua missão, afirmando que qualquer coisa que dissesse poderia ser mal interpretada.
"Nossas esperanças e esforços terão o objetivo de assegurar que as tensões atuais diminuam", afirmou, dizendo que ele aproveitaria uma viagem a Bruxelas para uma reunião da Otan na próxima semana para seguir para a Ásia.
Como parte do esforço diplomático dos EUA, o subsecretário de Estado Richard Armitage deve se reunir com autoridades paquistanesas e indianas na quinta e na sexta-feira da semana que vem. O chanceler britânico, Jack Straw, encerrou anteontem uma missão de paz na região.
A Índia e o Paquistão mobilizaram cerca de 1 milhão de militares na sua fronteira desde dezembro, quando um ataque ao Parlamento indiano, pelo qual Nova Déli culpou separatistas baseados no Paquistão, levou os adversários à beira de uma quarta guerra.
A tensão aumentou após um ataque a um acampamento militar indiano na Caxemira no dia 14, que matou 30 pessoas e pelo qual a Índia também culpou separatistas baseados no Paquistão.

Retirada
O jornal "USA Today" afirmou ontem que os EUA estavam elaborando planos de emergência para retirar mais de 60 mil americanos da Índia e do Paquistão.
Questionado sobre a reportagem, Bush disse que Powell e Rumsfeld estavam "analisando o que seria preciso para proteger vidas americanas se necessário".



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