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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Presidente se diz responsável pelo que diz, admitindo implicitamente culpa por ter usado informação sobre Níger

Bush assume responsabilidade por dado falso

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, admitiu ser responsável pelo uso de uma informação falsa a respeito do Iraque em seu discurso sobre o Estado da União deste ano. O mea-culpa vem no momento em que sua candidatura à reeleição dá o primeiro sinal de vulnerabilidade.
Pesquisa do Gallup divulgada ontem pelo jornal "USA Today" em parceria com a CNN conduzida entre 25 e 17 de julho -o número de entrevistados não foi revelado- mostra que, embora os americanos dispostos a reeleger Bush ainda superem aqueles que pretendem votar no Partido Democrata, eles não chegam à metade dos entrevistados. Enquanto 47% optariam por Bush em 2004, 41% votariam em um democrata, quem quer que ele seja. Há nove pré-candidatos democratas.
Mas a aprovação do presidente segue alta, embora mais baixa do que na Guerra do Iraque. Na nova pesquisa, 58% disseram aprovar o governo Bush. Em estudo divulgado pela CNN e pela revista "Time" no último dia 20, a taxa era de 55%, comparada a uma aprovação de 63% em maio.

Caso Níger
Na pesquisa anterior da CNN, 51% dos entrevistados disseram não confiar em Bush. Aquele estudo foi feito após agências do governo admitirem serem falsas as provas de que o Iraque teria tentado comprar urânio no Níger - acusação feita por Bush durante discurso em janeiro. Só agora Bush se pronunciou especificamente sobre o caso.
Em entrevista coletiva na Casa Branca -a primeira que concedeu sozinho desde março, mês da invasão do Iraque- o presidente disse assumir a responsabilidade pelo discurso.
"Eu assumo pessoalmente a responsabilidade por tudo o que digo... Eu analisei um conjunto bom, sólido e notório de informações, que me levou a concluir que era necessário tirar [o ex-ditador iraquiano] Saddam Hussein do poder", declarou. A resposta foi dada a um jornalista que perguntara por que sua conselheira de segurança, Condoleezza Rice, não fora considerada responsável pela informação que a própria Casa Branca admitiu estar errada e se Bush assumiria a responsabilidade pela declaração "imprecisa".
A CIA e o Departamento de Estado haviam dito que a frase -"o governo britânico foi informado de que Saddam Hussein tentou, recentemente, adquirir quantidades significativas de urânio na África"- era imprecisa. Mesmo assim, Bush a usou no discurso. Poucos meses depois, a AIEA (agência nuclear da ONU) concluiu que o documento usado como base da informação era falso.
O que se seguiu foi um debate sobre a motivação da Guerra do Iraque, já que a existência do suposto programa de armas de destruição em massa -maior justificativa para a invasão- não foi provada. O diretor da CIA, George Tenet, assumira a culpa por não evitar a inclusão do trecho.
Bush manteve o silêncio e só veio a público quando as críticas recaíram sobre Rice, a quem definiu como "uma pessoa honesta".


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