São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Olmert deixa governo após eleições em seu partido

Premiê israelense está sob pressão devido a casos de corrupção e baixa popularidade

Sucessão interna, marcada para 17 de setembro, tenta evitar a antecipação das legislativas de 2010, em que o direitista Likud é favorito

DA REDAÇÃO

O premiê israelense, Ehud Olmert, anunciou ontem que renunciará ao cargo assim que seu partido, o Kadima, escolher um novo líder, em 17 de setembro. "Decidi não concorrer nas primárias do Kadima e pretendo não interferir nas eleições. Assim que um novo líder for escolhido, renunciarei", disse.
Olmert, 62, ocupa o cargo desde janeiro de 2006, quando Ariel Sharon entrou em coma após sofrer hemorragia cerebral, estado no qual se encontra até hoje. Então vice-premiê, ele assumiu de forma interina. Depois de dois meses, com a vitória do recém-criado Kadima, de centro-direita, nas eleições legislativas, foi conduzido oficialmente à chefia do governo.
Há meses o premiê vinha resistindo à pressão dentro e fora do governo pela renúncia. Uma das mais proeminentes críticas era sua vice, a chanceler Tzipi Livni, cotada para sucedê-lo.
Embora nunca tenha tido a estatura política nem a força de seu antecessor -general de papel tão proeminente quanto controverso na história do país-, Olmert viu seu pouco capital político derreter com a malsucedida guerra contra o grupo radical xiita libanês Hizbollah, em meados de 2006.
O conflito de 34 dias foi considerado um fracasso do lado israelense. Além de as forças do país -dono do melhor aparato militar da região- não conseguirem enfraquecer a milícia, cerca de mil pessoas morreram -a maioria, civis libaneses, mas também dezenas de militares israelenses. O saldo foi a queda do ministro da Defesa, o trabalhista Amir Peretz, e a derrocada da popularidade de Olmert para menos de 20%, patamar em que permanece até hoje.
A situação do premiê pioraria nos meses seguintes, com o envolvimento de seu nome em um esquema de arrecadação ilegal de campanha, ainda do tempo em que foi prefeito de Jerusalém e ministro da Indústria e Comércio. Em maio, o milionário americano Morris Talansky disse ter entregado, em 15 anos, US$ 150 mil a ele.
Olmert nega as acusações e, em mais de uma oportunidade, disse que renunciaria ao cargo apenas se fosse condenado.

Cenário
O anúncio da renúncia ocorre quando pareciam evoluir, ainda que lentamente, negociações de paz com a Síria e com os palestinos. Teme-se que a troca de liderança israelense comprometa esses processos.
Em encontro em Washington ontem, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, a chanceler Livni, e o negociador palestino, Saeb Erekat, prometeram que vão tentar cumprir o cronograma acertado em 2007 e chegar a um acordo de paz neste ano. Olmert descartara o prazo dois dias antes.
Seu sucessor -além de Livni é cotado o ministro dos Transportes, Shaul Mofaz- terá como missão recompor a frágil coalizão governista, da qual faz parte o Partido Trabalhista, de centro-esquerda. Se fracassar, serão antecipadas as eleições legislativas de 2010.
Nesse caso, o ex-premiê linha-dura Benjamin Netanyahu (1996-1999), do Likud, é o favorito. Pesquisa publicada ontem pelo jornal "Haaretz" lhe dá 36% das intenções de voto, contra 24,6% de Tzipi Livni e 11,9% do ex-premiê trabalhista Ehud Barak.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Argentina: Cristina recebe vice após voto contra
Próximo Texto: Tortura entre palestinos cresce e é mais grave sob Fatah, diz ONG
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.