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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Detidos teriam assumido a autoria do ataque e seriam ligados à Al Qaeda; número de mortos sobe para 85

Polícia prende 19 suspeitos por atentado

Rob Griffith/Associated Press
Milhares de xiitas vão à principal mesquita de Najaf (Iraque) para pedir vingança pelo atentado de anteontem, ocorrido no local


DA REDAÇÃO

A polícia iraquiana prendeu até ontem 19 homens supostamente responsáveis pela explosão de sexta-feira na principal mesquita xiita do país, em Najaf (160 km ao sul de Bagdá). Muitos são estrangeiros e teriam ligações com a Al Qaeda, rede terrorista liderada por Osama bin Laden, informou um investigador iraquiano à agência Associated Press.
O funcionário, que falou sob a condição de anonimato, disse que os dois iraquianos e os dois sauditas que foram presos logo após o atentado de anteontem admitiram ter laços com a Al Qaeda e deram informações que levaram à prisão dos outros 15.
Entre os suspeitos estão dois kuaitianos e seis palestinos com passaportes da Jordânia. O restante são iraquianos e sauditas, segundo esse funcionário.
"Todos os detidos pertencem ao wahabbi [interpretação sunita do islã que se contrapõe ao xiismo iraniano] e são ligados à Al Qaeda", disse o funcionário iraquiano. O saudita Bin Laden é seguidor do wahabbi.
A mesquita tomada como alvo abriga o túmulo de Ali, genro do profeta Muhammad e personagem central no surgimento do ramo xiita muçulmano.
O grupo inicial, segundo a polícia, foi preso logo após detonar 700 quilos de explosivos colocados dentro de dois veículos. O atentado matou o mais importante líder xiita iraquiano, o aiatolá Mohammed Baqer al Hakim.
A polícia afirma que os explosivos utilizados anteontem são semelhantes aos artefatos usados nos últimos atentados: o do dia 19, contra instalações da ONU, que matou 22 pessoas, entre elas o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, e o do dia 7, contra a Embaixada da Jordânia em Bagdá, quando 19 morreram.
Os homens presos não tiveram suas identidades reveladas. Um policial iraquiano ouvido pela Associated Press afirma que os quatro detidos inicialmente assumiram a autoria do ataque.
Em Najaf, a situação era confusa ontem, com cortejos fúnebres saindo dos necrotérios e manifestações que chegaram a reunir até 10 mil fiéis, que pediam vingança e por vezes se autoflagelavam.

Mortos
Funcionários dos hospitais afirmaram ontem que ao menos 85 pessoas morreram no atentado de anteontem, incluindo o Al Hakim. Contagens anteriores contabilizaram até 107 mortos, mas descobriu-se mais tarde que alguns corpos foram contados duas vezes, segundo a Associated Press.
A Reuters, no entanto, afirmou ontem à tarde que ao menos 95 haviam morrido na explosão. Na sexta-feira, haviam sido confirmadas pelo menos 75 mortes.

Baixa no Conselho
Ontem, Mohammed Bahr al Uloum, um clérigo xiita altamente respeitado, suspendeu sua participação no Conselho de Governo Iraquiano, formado por 25 líderes iraquianos, alegando falta de segurança após Najaf.
"Esse ato me levou a adiar minha filiação no conselho porque ele não pode fazer nada com relação à situação da segurança", disse Uloum, que voltou ao Iraque após ter se exilado em Londres.
Os ataques continuam. Ontem, um atentado provocou a explosão em trecho do oleoduto que transporta petróleo do norte do Iraque para ser exportado via Turquia.
Paul Bremer, chefe da Autoridade Provisória da Coalizão, está de férias e não antecipará seu retorno em razão do ato terrorista.

Com agências internacionais


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