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TRAGÉDIA NA ÁSIA
Há ainda pouca informação sobre vítimas em ilhas remotas na Índia e na Indonésia; população se queixa de lentidão na ajuda externa
Contagem de mortos ultrapassa 125 mil
FABIANE LEITE
ENVIADA ESPECIAL A BANCOC (TAILÂNDIA)
Ultrapassando os prognósticos
mais pessimistas, subiu para mais
de 125 mil o número de mortos
em decorrência do terremoto que
lançou ondas imensas às costas
do Sudeste Asiático e de parte da
África no domingo, em meio a reclamações de demora na chegada
da ajuda às vítimas.
A maior parte dos mortos está
na Indonésia, onde o saldo chegou a 79.940. No Sri Lanka, são
27.268 as mortes confirmadas.
Ontem, enquanto forças internacionais e tailandesas tentavam
identificar as 4.500 pessoas mortas pela águas, a capital, Bancoc,
continuava a receber turistas para
o Ano Novo, sem qualquer tipo de
alerta a respeito do fenômeno.
O saldo de mortes cresceu 60%
em apenas um dia. Mas as informações ainda são precárias em
ilhas remotas da Índia e da Indonésia onde 30 mil estão desaparecidos, segundo a Cruz Vermelha.
A ONU diz estar particularmente preocupada com a situação nas
ilhas indianas de Andaman e Nicobar, as mais próximas do sismo
e que experimentaram mais de 50
tremores desde domingo. O difícil
acesso às ilhas têm impedido o
cálculo do número de mortes, estimadas pelas autoridades em 6
mil, e a ajuda aos sobreviventes.
Com 13.268 mortos, porém, o
governo indiano recusou ajuda
internacional. "Se e quando precisarmos de ajuda, iremos informá-los", disse o premiê Manmohan
Singh. "Diversos países nos ofereceram assistência. Eu disse que,
por ora, temos os recursos adequados para enfrentar o desafio."
Relatos da população indicam
que a ajuda começa a chegar, mas
ainda de forma lenta e precária.
"Alguns carros vêm e jogam a comida. Os mais rápidos pegam. Os
mais velhos e feridos não pegam
nada. Nos sentimos como cachorros", disse Usman, 43, em Banda
Aceh, uma das localidades indonésias mais devastadas.
A FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimentação) estimou que precisará de US$ 125 milhões para providenciar alimentos a cerca de 2
milhões de vítimas.
A ONU rebateu, porém, críticas
sobre a lentidão da ajuda. "Quando infraestrutura, comunicação e
recursos administrativos são destruídos, leva tempo para fazer as
coisas caminharem", disse Arjun
Katoch, funcionário de resposta a
desastres. "O esforço de ajuda internacional está pegando fôlego."
O secretário-geral da ONU, Kofi
Annan, disse estar "satisfeito"
com a resposta dos governos ocidentais aos desastre, após um
funcionário ter dito que esses países estavam sendo "sovinas".
Segundo Annan, o total da ajuda chegou a US$ 500 milhões -
dos quais US$ 250 milhões devem
vir do Banco Mundial, conforme
anunciou ontem o organismo,
para "reconstrução de urgência".
Os EUA vão enviar à região uma
delegação chefiada pelo secretário
de Estado, Colin Powell, e o governador da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente George W.
Bush, para avaliar a necessidade
de ajuda.
Já o Reino Unido triplicou sua
oferta de ajuda às vítimas para
US$ 96 milhões, tornando-se o
maior doador bilateral no esforço
de assistência internacional.
"Vimos nossas avaliações iniciais e agora está claro que a escala
de destruição e perda de vidas está
crescendo sem parar", disse a secretária de Desenvolvimento Internacional, Hilary Benn.
O premiê italiano, Silvio Berlusconi, pediu ontem uma reunião
emergencial do G8 (grupo das nações mais ricas) para discutir um
corte nas dívidas dos atingidos
"pelo maior cataclismo na era
moderna". Londres disse, porém,
que não há planos para a reunião.
Com agências internacionais
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