São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

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Indonésia descobre mais 28 mil cadáveres

DA REDAÇÃO

País do Índico mais afetado, por estar mais próximo do epicentro do terremoto de domingo, a Indonésia foi ontem a principal responsável pelo dramático aumento do número de mortos, com a contagem de novos 27.940 cadáveres em localidades remotas a noroeste da ilha de Sumatra.
A descoberta foi anunciada pelo Ministério da Saúde, cujos técnicos disseram que a contagem estava ainda bastante incompleta.
Socorristas e funcionários conseguiram ontem chegar por mar a Meulaboh, que permanecia isolada. Cerca de 10 mil cadáveres foram localizados naquela cidade.
Funcionários das Nações Unidas calculam que foi destruída 60% da cidade de Banda Aceh, a capital provincial de Sumatra. Autoridades locais estimam que ruíram 85% das casas numa faixa costeira de 250 quilômetros.
O governo, segundo a BBC, anunciou ontem ter alimentos e medicamentos em quantidade suficiente, mas alertou para as dificuldades de fazer com que os carregamentos cheguem até as populações flageladas.
Dois helicópteros atiraram víveres e remédios em vilarejos em que não conseguiram pousar. As áreas permaneciam inundadas pelas ondas gigantes de domingo, disse Budi Aditutro, que chefia a equipe de socorristas do governo.
Seriam necessárias dezenas de outros helicópteros. "Sem eles não conseguimos dar conta da operação", disse Mulya Hasmi, do Ministério da Saúde. Segundo ele, parte do pessoal dos hospitais está ferida ou se ausentou do trabalho para enterrar familiares.
A interrupção do sistema de transportes provoca falta de combustível. Até ambulâncias são forçadas ao racionamento. "Tudo entrou em colapso", desabafou o general Achmad Hiayat, chefe dos serviços médicos da Aeronáutica.
Técnicos da área de saúde alertaram para os riscos de contaminação da água potável.

Caminhões de cadáveres
Uma quantidade incontável de corpos, sobretudo de crianças pequenas, continuava nas calçadas de ruas ou flutuavam nos rios nas imediações de Aceh, apodrecendo sob o sol forte do verão.
O Exército recrutou uma quantidade não revelada de jovens para cuidarem do sepultamento, da localização de corpos sob os escombros e para limpar a cidade.
Ahmad Yani Basuki, porta-voz militar, disse que 620 cadáveres haviam sido ontem sepultados, mas que centenas de outros continuavam sob os escombros.
Valas comuns estavam sendo abertas por tratores. Um correspondente da BBC presenciou a chegada a uma delas de dez caminhões carregados de cadáveres.
O presidente Susilo Bambang Yudhoyono chefiou reunião extraordinária com assessores. Ele exortou seus compatriotas a "rezarem" e disse que aguardava a chegada de ajuda internacional.
Dezenas de médicos passaram a reforçar as equipes de emergência nos hospitais de Banda Aceh. Não conseguiram transportar material médico, que ficou retido por falta de combustível num aeroporto das proximidades.
A Indonésia suspendeu na segunda-feira a proibição para que organizações humanitárias e jornalistas chegassem a Aceh. A proibição se deu em razão da luta separatista, na qual os rebeldes tinham na cidade importante base operacional clandestina.


Com agências internacionais


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