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No Sri Lanka, mobilização procura compensar ausência de ajuda oficial
GIULYANNA CIPRIANO LOUREIRO
ESPECIAL PARA A FOLHA, NO SRI LANKA
Após o maremoto que matou
mais de 20 mil pessoas no Sri Lanka, a solidariedade invadiu o país.
A recuperação das vilas atingidas
pelo tsunami tem sido facilitada
pela ampla mobilização de ONGs,
empresas e pessoas comuns.
Os meios de comunicação a todo momento pedem auxílio e suprimentos. Na capital, Colombo,
que não foi muito atingida, os
pontos de coleta de doações estão
espalhados por toda a cidade.
A Aiesec, ONG dirigida por estudantes, mobilizou um grupo de
estudantes locais e estrangeiros
para ir às vilas litorâneas entregar
roupas, alimentos e remédios às
famílias que perderam tudo.
Na noite da última terça, a estudante colombiana Maria Lucia
Uribe, 24, um dos membros da
Aiesec, esteve na cidade histórica
de Galle, a 120 km da capital.
Segundo ela, toda a cidade está
devastada. A estação de trem foi
destruída, barcos foram arrastados para dentro das casas, carros
varridos pelas ruas derrubaram
paredes. Tamanha era a força da
água que somente as construções
mais novas se sustentaram.
"Vimos as pessoas desoladas,
sentadas na estrada, esperando
ajuda, sem saber o que fazer. Muitos perderam a família inteira. Vi
cadeiras, mesas, geladeiras espalhadas pela estrada", disse Uribe.
De acordo com a estudante,
dois dias depois do maremoto a
população das vilas da região ainda não recebeu informações e ajuda do governo. Nenhuma ajuda
humanitária, nem mesmo da
Cruz Vermelha, tinha chegado à
região. A ONU aguarda informações do governo para poder agir.
O primeiro local visitado pelos
estudantes foi o hospital de Galle,
onde, além da infra-estrutura precária, não há energia elétrica.
"No hospital havia sangue por
toda parte e mais de 200 corpos
em estado de decomposição estavam amontoados pelo corredor,
porque os funcionários não tinham equipes preparadas para
removê-los ou enterrá-los. A cidade cheirava a morte, não era
possível respirar nem mesmo fora
do hospital", disse emocionada.
Templos budistas estão servindo como abrigo e ponto de distribuição de suprimentos. Em um
dos mosteiros de Galle mais de
600 pessoas estavam abrigadas e
esperavam por ajuda. Quando os
estudantes chegaram com as provisões, ao ver comida e água, "as
pessoas famintas ficaram histéricas, as crianças começaram a chorar e tentavam pegar tudo o que
viam pela frente", disse Uribe.
Giulyanna Cipriano Loureiro é jornalista e mora no Sri Lanka
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