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Lula diz que tragédia é "alerta" para que o mundo preserve a natureza
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva interrompeu ontem a cerimônia na qual sancionou o projeto de lei das PPPs (Parcerias Público- Privadas) para dizer que o
maremoto ocorrido no último
domingo no Sudeste Asiático é
um "alerta" para o mundo.
"Esse desastre que vitimou tantas mulheres, homens e crianças é
um alerta para nós, para que a
gente comece a olhar com mais
carinho a preservação ambiental e
com mais carinho a natureza."
E prosseguiu: "Nós muitas vezes
a desprezamos e, de vez em quando, ela se revolta. Quando ela se
revolta, ela não pede licença. Não
diz onde vai acontecer".
Segundo o presidente Lula, o
governo federal ajudará os países
atingidos de acordo com suas
possibilidades, com a presença local de seus embaixadores. "O governo brasileiro não só estará solidário, mas estaremos solidários
ajudando naquilo que estiver nas
nossas possibilidades, naquilo
que precisarem."
Ontem à noite, um avião da
FAB (Força Aérea Brasileira) decolou da Base Aérea de Brasília
com alimentos e remédios para as
vítimas asiáticas do maremoto
tsunami. A aeronave deve chegar
amanhã a Bancoc, na Tailândia.
O Ministério da Saúde enviou
oito toneladas de medicamentos,
entre os quais analgésicos, antitérmicos, antiparasitários. Já a
Conab (Companhia Nacional de
Abastecimento) doou oito toneladas de alimentos.
Ontem à noite, representantes
dos ministérios da Saúde, da Defesa, das Relações Exteriores e da
Casa Civil se reuníram novamente no chamado gabinete de crise,
no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, para discutir o envio de uma nova remessa
de produtos emergenciais, que
deve incluir água.
No encontro ficou decidido que
o país enviará um segundo avião
com donativos à área, que será cedido pela Varig e terá o combustível pago pelo governo.
Apesar de ter mandado medicamentos e comida, o governo brasileiro não está recebendo doações da sociedade. Todo tipo de
ajuda está sendo encaminhado a
organismos internacionais de assistência, como a Cruz Vermelha.
A ONG Ação da Cidadania
doou ontem 30 toneladas de alimentos para o Consulado do Sri
Lanka no Rio de Janeiro. A comida foi o excedente da campanha
Natal Sem Fome. O consulado informou que negocia com o governo federal a liberação de um avião
das Forças Armadas para transportar os alimentos.
Brasileiros desaparecidos
Até o início da noite de ontem,
242 brasileiros eram tidos como
desaparecidos na região afetada
pelo maremoto de domingo passado no sudeste da Ásia. O número foi fornecido pelo Itamaraty,
com base em relatos de pessoas
que perderam contato com parentes ou amigos na região após a
catástrofe. A lista cresceu em relação a anteontem, quando não tinha notícia de 208 pessoas.
O Ministério das Relações Exteriores já recebeu sinal de vida de
140 brasileiros. É provável que alguns desses 140 façam parte daqueles 242 dos quais não se sabe o
paradeiro. O Itamaraty, porém,
não fez o cruzamento das duas listas, tarefa que ficaria a cargo das
embaixadas nos países afetados.
Até o momento, tem-se notícia
de que foram mortos pelo maremoto a diplomata brasileira Lys
Amayo de Benedek D'Avola, 48, e
seu filho Gianluca,10. O Itamaraty
não descarta a hipótese de haver
mais vítimas brasileiras.
Os outros dois brasileiros que
eram tidos como desaparecidos
pelos tailandeses foram localizados ontem e estão bem.
(EDUARDO SCOLESE E RICARDO WESTIN)
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