São Paulo, sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

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Lula diz que tragédia é "alerta" para que o mundo preserve a natureza

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu ontem a cerimônia na qual sancionou o projeto de lei das PPPs (Parcerias Público- Privadas) para dizer que o maremoto ocorrido no último domingo no Sudeste Asiático é um "alerta" para o mundo.
"Esse desastre que vitimou tantas mulheres, homens e crianças é um alerta para nós, para que a gente comece a olhar com mais carinho a preservação ambiental e com mais carinho a natureza."
E prosseguiu: "Nós muitas vezes a desprezamos e, de vez em quando, ela se revolta. Quando ela se revolta, ela não pede licença. Não diz onde vai acontecer".
Segundo o presidente Lula, o governo federal ajudará os países atingidos de acordo com suas possibilidades, com a presença local de seus embaixadores. "O governo brasileiro não só estará solidário, mas estaremos solidários ajudando naquilo que estiver nas nossas possibilidades, naquilo que precisarem."
Ontem à noite, um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou da Base Aérea de Brasília com alimentos e remédios para as vítimas asiáticas do maremoto tsunami. A aeronave deve chegar amanhã a Bancoc, na Tailândia.
O Ministério da Saúde enviou oito toneladas de medicamentos, entre os quais analgésicos, antitérmicos, antiparasitários. Já a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) doou oito toneladas de alimentos.
Ontem à noite, representantes dos ministérios da Saúde, da Defesa, das Relações Exteriores e da Casa Civil se reuníram novamente no chamado gabinete de crise, no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, para discutir o envio de uma nova remessa de produtos emergenciais, que deve incluir água.
No encontro ficou decidido que o país enviará um segundo avião com donativos à área, que será cedido pela Varig e terá o combustível pago pelo governo.
Apesar de ter mandado medicamentos e comida, o governo brasileiro não está recebendo doações da sociedade. Todo tipo de ajuda está sendo encaminhado a organismos internacionais de assistência, como a Cruz Vermelha.
A ONG Ação da Cidadania doou ontem 30 toneladas de alimentos para o Consulado do Sri Lanka no Rio de Janeiro. A comida foi o excedente da campanha Natal Sem Fome. O consulado informou que negocia com o governo federal a liberação de um avião das Forças Armadas para transportar os alimentos.

Brasileiros desaparecidos
Até o início da noite de ontem, 242 brasileiros eram tidos como desaparecidos na região afetada pelo maremoto de domingo passado no sudeste da Ásia. O número foi fornecido pelo Itamaraty, com base em relatos de pessoas que perderam contato com parentes ou amigos na região após a catástrofe. A lista cresceu em relação a anteontem, quando não tinha notícia de 208 pessoas.
O Ministério das Relações Exteriores já recebeu sinal de vida de 140 brasileiros. É provável que alguns desses 140 façam parte daqueles 242 dos quais não se sabe o paradeiro. O Itamaraty, porém, não fez o cruzamento das duas listas, tarefa que ficaria a cargo das embaixadas nos países afetados.
Até o momento, tem-se notícia de que foram mortos pelo maremoto a diplomata brasileira Lys Amayo de Benedek D'Avola, 48, e seu filho Gianluca,10. O Itamaraty não descarta a hipótese de haver mais vítimas brasileiras.
Os outros dois brasileiros que eram tidos como desaparecidos pelos tailandeses foram localizados ontem e estão bem. (EDUARDO SCOLESE E RICARDO WESTIN)


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