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Bom pra quem vende

Exportadores aproveitam a variação da moeda para oferecer descontos aos clientes estrangeiros

DE SÃO PAULO

Enquanto o dólar oscila e os importadores suam para segurar a alta de preços dos produtos, há quem aproveite esse cenário: os exportadores.

Com o real menos valorizado e o câmbio favorável ao comércio exterior, os micro e pequenos empresários ampliam a margem de lucro e a reserva financeira para oferecer descontos atrativos aos clientes estrangeiros.

Juarez Fernandes, 38, proprietário de uma loja de vestidos de noiva que leva seu nome, diz ter mais condições de negociar com suas clientes angolanas -a Angola é o principal destino das confecções do estilista.

Só nas duas últimas semanas, contabiliza, quatro estrangeiras fecharam negócio.

De olho nas variações cambiais, Fernandes afirma ter acelerado a produção para atender à demanda, que tende a aumentar ainda mais. "Elas [angolanas] não gostam de vestido branco, preferem o perolado. É um perfil diferente do brasileiro", explica.

Como Juarez, outras 10,1 mil micro e pequenas empresas exportaram quase R$ 2 bilhões em 2010, segundo os dados mais recentes do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). De 2009 a 2010, o volume exportado por essas companhias aumentou 49%.

Após um longo período de valorização da moeda brasileira e retração nas vendas para o exterior em 2011, os exportadores só têm a comemorar. "Mas com moderação", alerta José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).

"Além da inconstância cambial, o mercado internacional está em retração econômica. Não adianta ter preço bom se não tiver para quem vender", pondera Castro.

DOIS LADOS

Por outro lado, a alta do dólar causa impacto nos exportadores que importam insumos. Esse é o o caso do setor mobiliário, que costuma comprar tintas e metais de países como a Argentina.

"O câmbio favorece os exportadores, mas gera desconforto entre os que importam produtos e terão de repassar o aumento de custos aos clientes", diz José Luiz Fernandez, presidente da Amibóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário).

O empresário Pierre Stauffenegger, 55, proprietário do Grupo Vidy, de móveis planejados para laboratórios, importa chapas da Coreia do Sul e terá de arcar com custos 20% maiores.

"A flutuação cambial, quando é drástica como a da semana passada, dificulta a administração dos ganhos e custos. Ficamos à mercê do mercado", complementa ele.

Apesar dos altos e baixos, o empresário espera vender mais projetos para países da África e do Mercosul.

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