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São Paulo, domingo, 02 de março de 2003


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Embate torna crédito "inacessível"

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Recursos não faltam e, em algumas linhas, até sobram. Mesmo assim, para muitos, conseguir crédito num banco é tão provável quanto "encontrar um pote de ouro no fim do arco-íris".
Os bancos enfatizam o interesse em emprestar, mas apontam o despreparo das empresas como principal motivo para as recusas.
É como se o banco falasse uma língua e o empresário, outra. "A dificuldade está na discrepância entre as exigências dos bancos e a situação real das micro e pequenas empresas", constata Luiz Ricardo Grecco, do Sebrae.
"Precisamos diferenciar aventureiros de empreendedores", afirma Edson Monteiro, vice-presidente de varejo do Banco do Brasil. Ele ressalta que o acesso ao crédito é regulado por "filtros" ao avaliar o risco do empréstimo: propriedade de garantia, cadastro e histórico no banco.
Em 2002, a instituição indeferiu 21 mil pedidos, de um total de 514 mil solicitações feitas por MPEs. Mas os números não levam em conta os pedidos que nem sequer foram analisados pelo banco.
Luiz Ricardo Grecco destaca ainda que o empresário deve adotar uma postura pragmática para obter um financiamento. "Não basta ter um plano na cabeça. O banco quer ser convencido de que o negócio é viável e que a empresa pagará o empréstimo."
Foi nesse planejamento que esbarrou Sérgio Augusto de Oliveira, 34. Em outubro, com projeto preparado pelo Sebrae embaixo do braço, ele foi ao Banco do Brasil em busca de R$ 35 mil para a compra de um utilitário.
Recebeu duas negativas: na primeira, indicara um veículo importado e, na segunda, um carro que era apenas montado no Brasil, mas fabricado na Argentina. E a linha de crédito que Oliveira buscou, o Proger, só contempla equipamentos nacionais.
Afinal, apontou um carro brasileiro. Não conseguiu o empréstimo porque a cotação apresentada à financeira mencionava um veículo com bancos, e seu plano era comprar um veículo de carga. "Faltou informação", reclama.
Mas há quem supere as dificuldades: "Sou bom pagador e correntista há 12 anos", explica Fabio Matarazzo, 50, que obteve em dezembro, pela terceira vez, empréstimo do Banco do Brasil.


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