São Paulo, domingo, 02 de junho de 2002


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Dentistas precisam investir cerca de R$ 12 mil só em equipamentos; advogados costumam se associar

Aparelhos chegam a custar um carro

EDSON VALENTE

Fernando Moraes/Folha Imagem
Sidnei Marcacci gastou R$ 15 mil para montar o seu consultório


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Boa parte dos chamados profissionais liberais sonha em ter seu próprio consultório ou escritório após concluir a universidade. Muitos, porém, adiam os planos quando se deparam com os desafios e também com os gastos para ser "dono do próprio nariz".
A opção pela independência pede paciência -ou, pelo menos, um bom patrocinador (como os pais) ou uma linha de crédito.
O investimento inicial necessário depende do campo de atividade. A natureza dos gastos, idem.
Um arquiteto, por exemplo, vai ter despesas sobretudo com computador e softwares. Pode abrir as portas de um escritório próprio bem montado e decorado com cerca de R$ 15 mil, incluindo outros gastos, como os de aluguel.
Para um dentista, os valores são bem mais amargos. Só a aparelhagem básica de um consultório odontológico não sai por menos de R$ 12 mil, quase o valor de um carro zero-quilômetro "popular".
O custo para abrir um consultório médico simples também não é pequeno. Florisval Meinão, 56, diretor de defesa profissional da Associação Paulista de Medicina, considera R$ 20 mil suficientes.
Dependendo da especialidade, um fonoaudiólogo tem de desembolsar até R$ 22 mil, no caso do profissional que faz avaliação audiológica. A maior parte vai para a compra dos aparelhos.
Em todos os casos, planejamento financeiro é essencial, já que os ganhos dos novatos nem sempre comportam despesas como aluguel e salário de uma secretária.

Associados
No caso de um escritório de advocacia, não é necessário investir em aparelhos tão modernos como os de um consultório de dentista. Mas o ideal, no começo, é não atuar sozinho, recomenda Vitorino Antunes Neto, 45, diretor-tesoureiro da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil).
Nos primeiros anos após a graduação, ele considera recomendável a associação com outros profissionais por dois motivos: diminuição de custos e uma eventual constituição de pessoa jurídica, vantajosa em termos fiscais.
"Além disso, o campo do direito é muito dinâmico. Ter contato com outras pessoas ajuda a trocar idéias e a oxigenar os conceitos."
Os gastos iniciais nessa área giram em torno de R$ 10 mil, para a aquisição de telefone, fax, computador com internet e biblioteca básica, segundo Antunes Neto.
Foi o que gastou Aleksander Zakimi, 29, que trabalha há 11 meses com dois outros profissionais em um espaço que alugaram em um prédio do centro de São Paulo. "A localização é importante", afirma. "O escritório deve ser de fácil acesso para clientes de diferentes regiões da cidade."
Para a divulgação do serviço, Zakimi optou por colocar um site do escritório na internet. "É uma porta de entrada para que nos conheçam melhor", diz. O site custou R$ 1.500, e sua manutenção sai por cerca de R$ 90 mensais.
As despesas do escritório somam, em média, R$ 1.300 por mês e incluem os salários de uma secretária e de um estagiário.
"Muitos escolhem a carreira pública, que oferece rendimentos iniciais melhores, mas quem abre um escritório tem possibilidades de ganho maiores a longo prazo."


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