São Paulo, domingo, 03 de novembro de 2002


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AGORA É ESPERAR

Diante do cenário econômico turbulento, analistas recomendam adiamento de decisões e cautela

Incerteza pós-eleição segura empresas

RENATO ESSENFELDER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O novo presidente está eleito, mas as incertezas econômicas continuam. Se antes o mercado andava tenso por causa das eleições, agora o nervosismo é atribuído à situação do câmbio, à crise internacional, ao aumento da inflação e à indefinição dos nomes da equipe econômica de Luiz Inácio Lula da Silva.
Dentro desse cenário, a recomendação de administradores e economistas aos pequenos e médios empresários do país é a mesma: espere o vendaval passar. A partir do ano que vem, dizem, quando o novo presidente for empossado, o cenário se tornará claro o suficiente para o planejamento adequado do seu negócio.
Em contraponto às más notícias, há pelo menos uma considerada boa: o ano está perto do fim. Embora as previsões para o início de 2003 sejam igualmente duras, existem perspectivas de crescimento econômico a partir do segundo semestre do próximo ano.

Marcha lenta
A possibilidade de 2002 ter um final feliz é remota. Segundo o diretor de economia da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, o mercado opera em "compasso de espera", e seguir em marcha lenta é o melhor que se pode fazer neste momento. "É difícil elaborar um plano de expansão agora, o cenário pode mudar em uma semana. A situação está muito instável", diz.
Valdir Catanzaro, gerente da área de crédito do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), concorda que investir alto agora é má idéia. De acordo com ele, o alto índice dos juros básicos da economia (21% ao ano) diminui o consumo e obriga a ter mais cautela.
"Tarifas de energia elétrica, gás de cozinha, água e combustíveis podem aumentar. Esse encarecimento será repassado à produção. As empresas, por sua vez, não podem repassar o custo ao consumidor, que ficará receoso de gastar. É uma situação complicada."
Fábio Pina, economista da Fecomércio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), é mais otimista. Segundo ele, existe boa chance de o consumo neste final de ano não cair muito, impulsionado justamente pela alta do dólar e da inflação, enquanto investimentos como fundos de renda fixa perdem valor.
De acordo com Pina, essa conjuntura pode levar as pessoas a tirar o dinheiro dos bancos -onde as aplicações não renderiam muito- e comprar bens antes que a inflação aumente.



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