São Paulo, domingo, 04 de janeiro de 2004


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Segundo autor, potencial de funcionários para colaborar na geração de soluções é mal aproveitado

Administração criativa ainda é rara

TATIANA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Ex-executivo de grandes empresas como Bayer do Brasil, Kolynos e Thompson Propagandas, o consultor de gestão Antonio Carlos Teixeira da Silva lançou, no final de 2003, livro que introduz a capacidade de ter idéias inovadoras como diferencial competitivo para as empresas de todos os setores e portes.
Com o título de "Inov-Ação - Como Criar Idéias que Geram Resultados", a publicação da editora Qualitymark já pode ser encontrada nas livrarias do país. Em entrevista exclusiva à Folha, Silva fala sobre o que é a gestão criativa e de que forma ela pode ser convertida em ferramenta para driblar percalços e crises, acelerando a obtenção de resultados.

 

Folha - No seu livro, a criatividade às vezes ganha ares de panacéia para as dificuldades em atingir resultados. Mas é possível resolver tudo apenas sendo criativo?
Antonio Carlos Teixeira da Silva -
Não se trata de uma panacéia, de uma cura para tudo. O fato é que a criatividade é uma capacidade que todo ser humano tem e que pode ser convertida numa ferramenta útil para simplificar processos e reduzir custos.

Folha - Há uma diferença entre criatividade e inovação?
Silva -
A inovação é a criatividade concretizada. No mundo de hoje, as empresas inovadoras estão sendo mais valorizadas. A inovação virou diferencial competitivo no mercado.

Folha - Na sua opinião, o que inibe o aproveitamento da criatividade nas empresas brasileiras?
Silva -
Trata-se de todo um ciclo que tem origem no nosso modelo de educação. Somos habituados a sistemas de hierarquia rígida, que punem os erros. Além disso, a comunicação interna nas firmas costuma ser falha e esse é o único canal para a desova de idéias, mas permanece obstruído. A maioria dos gestores não está apta a aproveitar bem o potencial criativo dos funcionários enquanto parceiros na geração de soluções.

Folha - É mais fácil chegar a uma boa idéia a partir da produção coletiva de sugestões e da avaliação conjunta das propostas?
Silva -
Sem dúvidas. Toda grande idéia desperta temores e quando há várias opções é mais fácil vencer o "achismo". A interferência das pessoas enriquece a avaliação de cada proposta, agrega vários pontos de vista e dá riqueza ao projeto. Destinar uma tarde para produzir idéias coletivamente é um atalho eficiente para contornar um problema que dificilmente seria superado se a solução fosse encomendada a uma única pessoa na empresa.

Folha - Quais são as sequelas de não fomentar a geração coletiva de idéias como estratégia de gestão?
Silva -
A falta de inovação, o bloqueio para inovar. E isso tem impactos enormes, faz com que empresas e até negócios inteiros sumam do mercado. Manter uma gestão de rotina concentra muitos riscos. É preciso migrar para uma administração de mudanças.

Folha - O livro traz um programa de práticas que pode ser conduzido em 21 dias. É possível se tornar criativo nesse intervalo de tempo?
Silva -
O que o programa propõe é a quebra do padrão "piloto automático", da rotina acirrada e do costume de enxergar tudo da mesma forma. Em 21 dias é possível se desprender dessa rotina e estrear um novo olhar sobre as mesmas questões, mas capaz de visualizar soluções diferentes.

Folha - Mesmo depois de despertar a criatividade e introduzi-la na gestão, é possível voltar a inibi-la?
Silva -
A criatividade é uma espécie de ginástica, requer exercícios contínuos. A inovação não acontece no vácuo, precisa de um ambiente favorável. Pessoas satisfeitas estão mais propícias a oferecer alternativas inovadoras. O clima organizacional deve permitir a manutenção da criatividade.



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