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ENTREVISTA
RAY KURZWEIL
Impulso tecnológico deve ser analisado
Precisamos reinventar cada negócio. Não podemos esperar que os modelos atuais continuem no futuro
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Inventor bem-sucedido
-responsável, por exemplo,
pela criação de um aparelho de
reconhecimento de fala-, Ray
Kurzweil, 59, é uma espécie de
guru da tecnologia. Bill Gates o
aponta como a pessoa mais indicada no mundo para prever o
futuro da inteligência artificial.
No que diz respeito aos negócios de pequeno porte, as previsões de Kurzweil são positivas
-o momento é bom para firmas com equipes pequenas tocarem grandes projetos, diz.
Kurzweil virá ao Brasil como
destaque da ExpoManagement
2007, evento organizado pela
HSM de amanhã a quarta-feira.
Confira a seguir trechos da entrevista feita por telefone, em
que se abordam avanços tecnológicos e seu aproveitamento.
FOLHA - O que é a lei dos retornos
acelerados ("law of accelerating returns")?
RAY KURZWEIL - A lei dos retornos acelerados diz que as tecnologias de informação crescem exponencialmente a cada
ano, dobrando o seu poder.
Vemos essa lei aplicada a
computadores e aparelhos eletrônicos, mas ela também funciona com outras tecnologias,
que serão mil vezes mais poderosas daqui a dez anos do que
são hoje; milhões de vezes mais
poderosas daqui a 20 anos.
Por isso o empresário não
pode simplesmente pegar as
técnicas e ferramentas de hoje
e projetá-las no futuro. É preciso levar em consideração a explosão de crescimento.
As pessoas não imaginam esse aumento em termos exponenciais. Pensam em progressões como 1, 2, 3, 4 e, 30 passos
depois, estão no 30. Mas a progressão das tecnologias da informação é 2, 4, 8, 16 e, 30 passos depois, estão em um bilhão.
FOLHA - Como aplicar essa lei nos
negócios?
KURZWEIL - É importante analisar o crescimento exponencial
das tecnologias em questão e
entender onde e quando esses
avanços interferem no negócio.
O uso de soluções tecnológicas geralmente resulta em erro
não porque a tecnologia não era
útil, mas porque foi utilizada no
momento errado. Também é
necessário prever como estará
essa tecnologia no futuro.
FOLHA - Os avanços da tecnologia
aumentam o espaço que separa as
pequenas empresas das grandes?
KURZWEIL - Esses avanços afetam tanto as pequenas quanto
as grandes. As tecnologias de
comunicação, por exemplo,
tornam possível trabalhar com
pessoas que não estão fisicamente presentes, mas espalhadas ao redor do mundo -e essas ferramentas colaborativas e
de compartilhamento de informação são acessíveis até mesmo ao dono de uma mercearia.
FOLHA - Qual é o futuro das pequenas e médias empresas no que diz
respeito à tecnologia?
KURZWEIL - Acredito que haverá
mais oportunidades, especialmente para as pequenas empresas. Os avanços possibilitam
que equipes reduzidas façam
projetos que antes precisavam
de muita mão-de-obra.
As ferramentas estão mais
poderosas -hoje microempresas podem crescer rapidamente com poucos recursos.
É importante perceber que
precisamos reinventar cada negócio. Não podemos esperar
que os modelos atuais continuem a funcionar no futuro.
Foi por ignorar os avanços
que a indústria fonográfica ficou estagnada por tanto tempo.
O segredo é tomar a dianteira
nas inovações tecnológicas, em
vez de esperar as reações dos
consumidores e lidar com elas.
É o que tem feito a indústria de
telefonia celular, por exemplo.
Houve um tempo em que
chamadas de longa distância
eram muito caras e, se isso não
tivesse se modificado, as pessoas teriam encontrado alguma
forma de piratear as ligações,
assim como pirateiam músicas.
A razão que leva o consumidor a não fazer isso é porque ele
sente que a indústria de telefonia celular foi justa ao reduzir
suas taxas -por isso não há intenção de burlar o sistema. E
todo mundo sai ganhando.
FOLHA - É possível gerir hoje uma
empresa sem um computador?
KURZWEIL - Não acho que seja
possível. É raro encontrar uma
pessoa ou um negócio que não
tenha um computador.
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