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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003


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Serviços 'descobrem' nicho de mercado e lucram depois que a concorrência já fechou as portas

Empresas faturam na madrugada

Fernando Moraes/Folha Imagem
Loja piloto da rede de livrarias Siciliano funciona 24 horas; modelo exige cuidado com segurança


SIMONE IWASSO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Só no último ano, a empresária Sandra Del Picchia, 52, recebeu em seu bufê, o Sabor Del Picchia, cerca de 400 pedidos para refeições em eventos entre as 22h e as 5h. No mesmo horário e período, a fisioterapeuta Aline Camargo, 27, atendeu mais de cem clientes.
As duas são exemplos de profissionais que souberam identificar, na noite e na madrugada, um mercado promissor para serviços. "Hoje em dia, as pessoas preferem fazer algumas atividades ou à noite ou pela manhã bem cedo, horários em que não há congestionamentos e filas de espera", analisa o consultor e diretor do Grupo Towsend Márcio Miranda.
Para quem souber identificar as oportunidades, as grandes cidades têm ainda bons nichos de mercado à espera de empreendedores, na opinião dele. "Cabeleireiros, manicures, massagistas, clínicas estéticas, fisioterapeutas, dentistas. Existem muitos profissionais que podem investir e obter retorno no trabalho noturno."
A falta de tempo e o estresse do trânsito caótico de metrópoles como São Paulo são também atrativos aos serviços 24 horas, de acordo com Marcel Solimeo, diretor de economia da Associação Comercial de São Paulo.
"Sabemos que essa área está crescendo, pois a cidade tem movimento a noite inteira", diz Solimeo. A associação não tem registro de quantos comércios funcionam à noite. Para quem quer aproveitar o nicho, o passo decisivo, segundo ele, é identificar um ponto estratégico de grande circulação de carros e de pessoas.
Solimeo associa o mercado existente ao fato de as pessoas que não têm horário fixo de trabalho preferirem, muitas vezes, realizar obrigações como compras no supermercado e consultas médicas durante a noite para ter o final de semana inteiro livre.

Atendimento domiciliar
Os pacientes de Camargo são um exemplo dessa demanda. "Atendo muitas pessoas que trabalham até tarde e não têm tempo para fazer as sessões [de fisioterapia] durante o dia", exemplifica. "Se eu não os atender à noite, eles ficam sem o tratamento."
Já Sandra Del Picchia estendeu o horário de funcionamento de seu bufê devido a pedidos de clientes que queriam dar festas de madrugada. "Cerca de 90% das encomendas são para o horário das 20h30 às 4h", contabiliza.
O "personal trainer" Alex Sandro Barazal, 26, também adotou horários mais flexíveis. "Atendo clientes na academia ou no próprio condomínio", afirma.



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