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O CUSTO DA INOVAÇÃO
MPEs registram poucas invenções
Segundo o Inpi, mais de 50% das solicitações de patente são para melhorias de tecnologia
CÁSSIO AOQUI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Membro de uma "família de
inventores", como prefere se
intitular, o argentino Hugo Julio Kopelowicz, 56, há 26 no
Brasil, fala de propriedade intelectual e patentes com a facilidade de quem domina o tema.
Foi dele, por exemplo, a idéia
de fabricar perucas com fios
metalizados, muito procuradas
por aqui na época do Carnaval.
Apesar disso, sua última invenção, diz ele, passa hoje por
uma via-crúcis. E bem cara.
Para obter a patente de seu
compressor, desenvolvido em
parceria com a PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica),
ele diz ter investido US$ 30 mil.
"As contas são astronômicas
porque fiz os pedidos de exclusividade na China, na Coréia,
na Europa e nos Estados Unidos e, para tanto, tive de contratar escritórios aqui e no exterior", explica Kopelowicz,
que teve a patente indeferida
duas vezes nos Estados Unidos.
As dificuldades encontradas
pelo empresário são as mesmas
enfrentadas por pequenos empreendedores que tentam se
embrenhar no intrincado mundo da propriedade intelectual:
burocracia, custos paralelos,
ausência de proteção legal e, sobretudo, falta de informação.
Foram justamente esses os
temas centrais do 26º Seminário Nacional da Propriedade
Intelectual, que reuniu, na semana passada, 500 especialistas no assunto em Brasília.
A qualidade dos pedidos de
patente efetuados no país foi
um dos aspectos discutidos.
"Há uma disseminação de patentes de baixa qualidade, uma
vez que as atividades realmente
inovadoras estão concentradas
em poucos países", afirma Otávio Brandelli, da área de propriedade intelectual do Ministério das Relações Exteriores.
De fato, no caso das micro,
pequenas e médias empresas,
que respondem por cerca de
35% dos pedidos depositados
no Inpi (Instituto Nacional da
Propriedade Industrial), mais
da metade das solicitações
refere-se à adaptação ou ao melhoramento de tecnologia -e
não a patentes de invenção propriamente ditas.
E, segundo o Inpi, enquanto
as micro e pequenas têm médias inferiores a dois pedidos
de patente de inovação ou de
aperfeiçoamento em cinco
anos, as grandes atingem cinco.
"Precisamos rever esse processo de pedido de patente [de
aperfeiçoamento], pois demora
e não é efetivo. Contudo, o
maior problema é que não há
uma cultura de inovação no
Brasil", comenta o presidente
do Inpi, Roberto Jaguaribe.
De acordo com ele, o cenário
deve melhorar no curto prazo:
"Até o fim do ano, o Inpi lançará um formato de solicitação de
patentes por meio da internet".
Para o presidente da ABPI
(Associação Brasileira da Propriedade Intelectual), Gustavo
Starling Leonardos, é importante ir além: "Deve-se criar
um sistema altamente diferenciado para empresas menores".
O jornalista Cássio Aoqui , editor-assistente de
Negócios , viajou a convite da ABPI
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