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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003


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CRÉDITO

Acesso continua complicado, dizem analistas; compare taxas para empresas nas maiores instituições

Banco faz redução modesta de juros

DA REDAÇÃO

Levantamento realizado pela Folha nos dez maiores bancos por ativo total do país mostra que, nas instituições que reduziram as taxas de juros para acompanhar a queda de meio ponto percentual da Selic (hoje em 26%), persistem diferenças de até 3,7 pontos percentuais por mês -que podem pesar bastante na contabilidade do empresário mais desavisado.
Para empréstimos de capital de giro, por exemplo, as empresas de médio porte encontram menor taxa na Caixa Econômica Federal, que cede até R$ 100 mil por 2,9% mais TR (cerca de 0,5%) ao mês. O maior valor médio dessa operação vem do HSBC, que trabalha com a faixa de 4,3% a 5,3% mensais para emprestar até R$ 30 mil (compare no quadro acima).
No caso de micro e pequenas empresas, os bancos públicos emprestam a taxas quase imbatíveis. Usando dinheiro do PIS (Programa de Integração Social), a Caixa Econômica consegue ceder capital de giro a 0,83% mais TR para quem fatura até R$ 1,2 milhão por ano. Já o Banco do Brasil surge com 2,49% mensais para quem fatura até R$ 500 mil em um ano.
Mais do que econômica, a medida é política. No final de junho o presidente Lula anunciou medidas de estímulo ao microcrédito que resultaram em taxas de 2% ao mês para esse tipo de operação via Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Ainda restrita a micronegócios, a iniciativa faz parte de um pacote para tentar aquecer a economia, que inclui também a simplificação do processo de abertura de conta bancária.
Os bancos privados ainda avaliam se é mais barato deixar o dinheiro parado, com o rendimento zero do compulsório, do que emprestá-lo a essa taxa. Os temores, além da inadimplência, são os custos administrativos gerados pela grande pulverização do dinheiro emprestado.

Mudança tímida
A diminuição em relação às taxas adotadas antes da queda da Selic é pequena. Segundo projeção da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros com a Selic em 26,5% ao ano eram de 5,16% ao mês para cheque especial, capital de giro e desconto de cheques e duplicatas.
Hoje, com a Selic em 26%, a média estimada para essas operações seria de 5,12% ao mês. Queda de apenas 0,04 ponto percentual.
"A sensação é que as taxas caíram de forma limitada, não para todas as linhas nem em todas as instituições. Foi mais intenção do que prática", diz o presidente da Anefac, Miguel José de Oliveira.
Ainda que um pouco mais em conta, o dinheiro não está mais acessível, segundo empresários. "Há anúncios de linhas mais baratas, mas ainda não vi o dinheiro chegar à ponta, ao empresário", completa o presidente do Simpi (Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo), Joseph Michael Couri.
O diretor-superintendente do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), José Luiz Ricca, concorda sobre a dificuldade de acesso ao crédito. Para ele, porém, "o efeito da redução só aparecerá a médio prazo". "Ainda não está bem operacionalizado, mas já se criou uma expectativa grande."

Mais tempo
Os bancos reiteram a idéia de que ainda não é hora de cobrar grande impacto advindo da redução da Selic. "É cedo para ver os reflexos, mas dá para notar uma melhora. Estamos olhando os números para reduzi-los mais, esse é um exercício permanente", afirma o diretor de finanças da Nossa Caixa, Rubens Sardenberg.
O Itaú, que também fez redução, informou que manterá a política de repasse de cortes. "À medida que ocorrerem novas reduções de taxas pelo Copom [Comitê de Política Monetária] e medidas como reduções no compulsório, o Itaú vai ajustando as suas taxas", informou, por meio de sua assessoria, o presidente da instituição, Roberto Setubal.
Maior banco privado do país, o Bradesco não cortou juros, mas lançou produtos diferenciados para as pequenas empresas.
Através de convênios com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o Sebrae-SP, o banco financia a participação de pequenos empreendimentos em feiras e concede crédito para capital de giro a taxas de 9% ao ano mais TJLP e de 10% ao ano mais TJLP, respectivamente.
As linhas são exclusivas a micro e pequenas empresas participantes do programa Arranjo Produtivo Local, resultante da parceria.
Outra tendência paralela à pequena redução de taxas é o corte de algumas tarifas bancárias.
No Unibanco, programa de redução progressiva de tarifas foi lançado para ajudar a aumentar sua participação de 10% para 14% no mercado de empresas com até R$ 40 milhões de faturamento anual. O HSBC, por sua vez, testa a eficácia de um programa de corte de tarifas para pessoas físicas.
(RENATO ESSENFELDER)


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