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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003


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Empresários montam novos pontos-de-venda ou estabelecem parcerias no litoral para fisgar a clientela

Comércio desce a serra na temporada

LARA SCHULZE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não são apenas os veranistas que estão de malas prontas para curtir as férias de verão nas praias do litoral paulista. Empresários também seguem a rota do sol levando bares, restaurantes, danceterias e lojas para aquecer os negócios no calor da temporada.
São filiais, parcerias e estabelecimentos novos que movimentam o comércio das cidades litorâneas desde a metade do mês de dezembro até o Carnaval. Muitos, devido ao sucesso do investimento, acabam ficando o ano todo. Outros, mal planejados, fracassam.
A migração tem suas razões: as vendas do mês de janeiro são ruins nas cidades e, durante a temporada, os banhistas ainda têm ao menos parte do 13º salário e do abono de férias em mãos.
Por conta disso, o volume de negócios em algumas praias é alto. Segundo a Associação Comercial e Empresarial do Guarujá, a temporada eleva os lucros do comércio em 200%. Nos hotéis, o faturamento cresce 50%. Nos restaurantes e nas lanchonetes, pelo menos 40%. "Os hotéis estão com quase todas as reservas fechadas para o final do ano, e a expectativa da cidade é dobrar o número de habitantes [hoje em 265 mil]", diz o presidente Rogério Fachs.
O prefeito de Guarujá, Maurici Mariano, diz incentivar a vinda do comércio à cidade "porque gera empregos diretos e indiretos". A associação comercial estima que o número de lojas na região cresça em até 5% no verão (cerca de 375 pontos-de-venda extras).

Norte
Outro ponto bastante procurado pelos comerciantes são as praias do litoral norte, que chegam a crescer até seis vezes em habitantes na estação de calor.
O município de São Sebastião, com 107 km de praias -entre elas as badaladas Maresias e Camburi-, conta com um total de 2.000 estabelecimentos fixos. Guarujá, maior, tem 7.500. "Somamos a isso 40% de comércio informal", estima o presidente da Associação Comercial de São Sebastião, Arthur Ramires Balut, 34.
Segundo balanço da associação de São Sebastião, os lojistas faturam 35% mais nessa época.

Parcerias
Além da simples migração de lojas da capital para o litoral, parcerias entre comerciantes das duas regiões são uma opção a avaliar. Foi o que fez a Pizzaria 1900, que migrará pelo segundo ano à praia de Toque-Toque Pequeno em parceria com o Bar Barracuda.
O restaurante investe no espaço comum. "Estamos reformando algumas partes do Barracuda para dar mais conforto aos clientes", conta o proprietário, Erik Cesar Momo, 33. A idéia é atrair pessoas de diferentes perfis para o mesmo local, aumentando as chances de lucro de ambas as partes.

Sucesso
Casos de sucesso em temporadas passadas incentivam a volta ao litoral. Seis meses após a inauguração da loja de bolsas Dondoca, a comerciante Mariana Bernardes, 24, resolveu investir cerca de R$ 80 mil em uma filial temporária no Guarujá em 2002. "Foi um risco, mas valeu a pena. O retorno financeiro compensou."
No ano passado, a comerciante alugou um espaço de 30 m2. Na temporada de 2004, migrará para um ponto de 50 m2. O gasto será de cerca de R$ 100 mil. Além disso, Bernardes também levará uma quantidade maior de produtos.
Mas a ida de empresários ao litoral não se limita ao verão. "Na temporada passada, ficamos durante dois meses funcionando e o resultado foi bom. Agora, quero ficar o ano inteiro", declara Ricardo Ajaj, dono do bar Rock Brasil.
Os donos do Bar Canal 7, localizado na praia das Sete Fontes, em Ubatuba, também têm planos futuros. "O investimento foi alto, e esperamos retorno para daqui a um ano. O lucro da temporada só dará para cobrir alguns gastos", diz o sócio Pierre Greco, 30.


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