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São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003


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Escolher plano mais adequado à empresa evita desperdício de dinheiro e surpresas após ocorrência do dano

Seguro certo não surge por acidente

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Mais importante do que fazer um seguro para sua empresa -e isso não é tão fácil quanto se imagina- é fazer o seguro certo, na medida das necessidades e do bolso. Da escolha do corretor à ocorrência do sinistro (prejuízo ou dano), é grande a chance de o pequeno empresário tropeçar.
"Que aconteceu?", disse Alonn da Fonseca, 12, quando entrou na última terça-feira na "LAN house" -espécie de fliperama que disponibiliza jogos com computadores em rede- do empresário André Dantas, 22, aberta há um mês na zona oeste de São Paulo.
A loja estava vazia: um dia antes, os 11 computadores haviam sido furtados -por um buraco feito pelos assaltantes na parede do fundo do estabelecimento. "Vou fechar as portas", afirmou Dantas. O garoto ainda argumentou: "Mas eu tinha uma hora grátis". Sem resposta, foi embora.
"Fico com o coração apertado, mas desisto. O prejuízo é de R$ 23 mil. Não tenho como repor", contou o empresário. A empresa não tinha seguro dos equipamentos furtados. "Até tentamos contratar um [seguro], mas não encontramos quem fizesse", reclamou.
Dantas tem um pouco de razão: parte das seguradoras não aceita seguros de "LAN houses" e empresas do ramo de informática. Representantes de grandes seguradoras do país confirmam, pedindo anonimato, que a razão da recusa é a alta frequência de assaltos e até mesmo de "golpes" em companhias do gênero.

"Lucros cessantes"
Enfrentando dificuldades, dizem corretores de seguros, o empresário não deve desistir. O conselho é verificar quais as saídas encontradas por quem está há mais tempo no negócio. Segundo eles, no caso das empresas de informática, alarmes e dispositivos de segurança podem diminuir os riscos e atrair as seguradoras.
Rodrigo Fogaça Azevedo, 24, dono de uma "LAN house" próxima à de Dantas, conta que fez o seguro, mas que não previu tudo o que deveria. Quando foi roubado, no início deste ano, descobriu o sentido do termo jurídico "lucros cessantes". "Ficamos 45 dias parados, mas pagando salários, aluguel, luz, todas as contas."
Economizar no que não deve e fazer gastos desnecessários são dois "pecados" cometidos com frequência pelo pequeno empresário, lembra Sandra Regina Fiorentini, consultora jurídica do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). "Sem seguro contra incêndio, há o risco de perder tudo. Mas é preciso avaliar. Para uma empresa de motoboys, pode ser mais importante ter seguro de vida dos funcionários", afirma.

Ônibus na porta
Sem o seguro contra "impacto de veículos" -em geral, indicado para lojas localizadas em ladeiras-, o casal de despachantes Orestes e Luzia Giannetti teve uma desagradável surpresa em março. Um ônibus destruiu o portão e o letreiro de seu escritório, que fica em uma esquina no centro de São Paulo. Restou-lhes um processo contra a viação e a promessa de fazer o seguro.
Já Alexandre Guimarães, 40, que tem uma firma de representações, conta que irá pelo caminho inverso -deixará de fazer seguro. "Para mim não compensa. Nunca usei e acho que nunca vou usar", disse. Segundo ele, seu seguro só cobre situações muito específicas. "Não faz sentido me resguardar de um risco inexistente."

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