|
Próximo Texto | Índice
MUITA RENDA COM POUCA RENDA
Empreendedores constróem companhias milionárias a partir de lojinhas com "portas estreitas"
Persistência é o segredo para crescer
ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Perseverança, entusiasmo e dedicação. Três qualidades, um segredo comum a empresários que
começaram donos de uma "portinha com acesso a poucos metros
quadrados" e, mesmo após instabilidades econômicas e concorrência acirrada, conquistaram faturamentos na casa dos milhões.
De acordo com o GEM Report
2002, estudo sobre empreendedorismo em 37 países, 61% dos empresários, de um total de 9.129, revelaram que viram em seu ramo
de atuação um nicho a ser explorado e por isso investiram, com
persistência, tempo e dinheiro.
O levantamento é feito, entre
outros, pela Escola de Negócios
de Londres (London Business
School), pela faculdade Babson
(Babson College), nos Estados
Unidos e, no Brasil, pelo IBPQ-PR
(Instituto Brasileiro de Qualidade
e Produtividade no Paraná), em
parceria com o Sebrae (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
E foi essa oportunidade que se
abriu diante do empresário Sérgio
Denadai, 49. Jornalista e vendedor de carnês do Baú da Felicidade, ele e o irmão tiveram a idéia de
fornecer refeições em grande escala no dia em que um cliente pediu que o açougue da família cozinhasse para sua firma. A iniciativa
transformou a empresa no que é
hoje: uma companhia que fatura
R$ 80 milhões ao ano.
Em 1977, foi montado o restaurante industrial, mas, como em
muitos negócios, demorou até
que os empresários revissem o capital aplicado. "Sem lucro, um
ano depois meu irmão e eu pensamos em fechar. Foi aí que meu pai
nos deu uma lição. Ele perguntou
se conseguíamos quitar todas as
dívidas. Dissemos que sim. E ele
replicou: "Então estamos no caminho certo, trabalhem'", lembra.
De armarinho a império
Outro exemplo de quem começou miúdo, apostando todas as fichas no negócio, é o de Zilah Marques Deieno, 58, proprietária da
rede Casa das Calcinhas. "Passei
por todos os planos econômicos e
crises, mas não desanimei na primeira pedrada. Aprendi que lucro
não vem da noite para o dia."
Agitada e falante, Deieno hoje é
dona de um "império" que fatura
R$ 18 milhões por ano nas 46 lojas
próprias. A primeira delas foi
comprada em 1978: um armarinho quase falido. Ela promoveu
uma liquidação no estoque e começou a revender peças íntimas
femininas, sua especialidade.
"O investimento foi de cerca de
R$ 70 mil; para conseguir o valor,
vendi meu carro e emprestei uma
parte do dinheiro do banco."
Também foi com essa faixa de
investimento que surgiu a primeira Casa do Pão de Queijo, no final
dos anos 60. A receita do produto
surgiu no forno da vovó Arthêmia
-representada no logotipo da rede- em Uberlândia (MG) e veio
para São Paulo. A lojinha montada no centro da cidade fez tanto
sucesso que chegou a vender 42
mil pães de queijo em um só dia,
de acordo com Alberto Carneiro
Neto, 39, dono da rede.
"É preciso dedicar-se ao negócio. Em 1981, tive de largar a faculdade de administração de empresas para tocar as três lojas. Em
1988, já eram 14, e resolvemos
abrir franquias para expandir ainda mais o comércio." Hoje a rede
fatura R$ 120 milhões e tem 382
pontos-de-venda no Brasil.
Próximo Texto: Organização é pré-requisito Índice
|