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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003


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MUITA RENDA COM POUCA RENDA

Empreendedores constróem companhias milionárias a partir de lojinhas com "portas estreitas"

Persistência é o segredo para crescer

ANDREA MIRAMONTES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Perseverança, entusiasmo e dedicação. Três qualidades, um segredo comum a empresários que começaram donos de uma "portinha com acesso a poucos metros quadrados" e, mesmo após instabilidades econômicas e concorrência acirrada, conquistaram faturamentos na casa dos milhões.
De acordo com o GEM Report 2002, estudo sobre empreendedorismo em 37 países, 61% dos empresários, de um total de 9.129, revelaram que viram em seu ramo de atuação um nicho a ser explorado e por isso investiram, com persistência, tempo e dinheiro.
O levantamento é feito, entre outros, pela Escola de Negócios de Londres (London Business School), pela faculdade Babson (Babson College), nos Estados Unidos e, no Brasil, pelo IBPQ-PR (Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Paraná), em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
E foi essa oportunidade que se abriu diante do empresário Sérgio Denadai, 49. Jornalista e vendedor de carnês do Baú da Felicidade, ele e o irmão tiveram a idéia de fornecer refeições em grande escala no dia em que um cliente pediu que o açougue da família cozinhasse para sua firma. A iniciativa transformou a empresa no que é hoje: uma companhia que fatura R$ 80 milhões ao ano.
Em 1977, foi montado o restaurante industrial, mas, como em muitos negócios, demorou até que os empresários revissem o capital aplicado. "Sem lucro, um ano depois meu irmão e eu pensamos em fechar. Foi aí que meu pai nos deu uma lição. Ele perguntou se conseguíamos quitar todas as dívidas. Dissemos que sim. E ele replicou: "Então estamos no caminho certo, trabalhem'", lembra.

De armarinho a império
Outro exemplo de quem começou miúdo, apostando todas as fichas no negócio, é o de Zilah Marques Deieno, 58, proprietária da rede Casa das Calcinhas. "Passei por todos os planos econômicos e crises, mas não desanimei na primeira pedrada. Aprendi que lucro não vem da noite para o dia."
Agitada e falante, Deieno hoje é dona de um "império" que fatura R$ 18 milhões por ano nas 46 lojas próprias. A primeira delas foi comprada em 1978: um armarinho quase falido. Ela promoveu uma liquidação no estoque e começou a revender peças íntimas femininas, sua especialidade.
"O investimento foi de cerca de R$ 70 mil; para conseguir o valor, vendi meu carro e emprestei uma parte do dinheiro do banco."
Também foi com essa faixa de investimento que surgiu a primeira Casa do Pão de Queijo, no final dos anos 60. A receita do produto surgiu no forno da vovó Arthêmia -representada no logotipo da rede- em Uberlândia (MG) e veio para São Paulo. A lojinha montada no centro da cidade fez tanto sucesso que chegou a vender 42 mil pães de queijo em um só dia, de acordo com Alberto Carneiro Neto, 39, dono da rede.
"É preciso dedicar-se ao negócio. Em 1981, tive de largar a faculdade de administração de empresas para tocar as três lojas. Em 1988, já eram 14, e resolvemos abrir franquias para expandir ainda mais o comércio." Hoje a rede fatura R$ 120 milhões e tem 382 pontos-de-venda no Brasil.



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