São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002


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CAPA

Falhas na gestão e opção por tendência passageira põem em risco a longevidade do empreendimento

Modismos e erros encurtam atuação

FREE-LANCE PARA A FOLHA

"Muitos anos de vida." Esse é o desejo de todo empresário para o negócio próprio que vai abrir.
Mas é preciso tomar cuidado para não se decepcionar com um empreendimento com "prazo de validade" -dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) apontam que a taxa de mortalidade dos micro e pequenos negócios paulistas é de 32% no primeiro ano e de 71% em cinco anos.
Por isso se deve atentar para fatores que vão da escolha do setor de atuação ao gerenciamento e à capacidade de inovação.
De acordo com Adelino De Bortoli Neto, 60, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (Universidade de São Paulo), dois anos costuma ser o prazo de "maturidade" de um negócio.
Alguns tipos de empreendimento duram, por natureza, menos do que outros, seja por serem um "modismo", seja por estarem enquadrados em setores que requerem atualização constante, como os ligados à tecnologia.
O comércio tem sido a opção mais duradoura, na opinião de João Abdalla Neto, 47, consultor de marketing do Sebrae-SP.
Porém, áreas tradicionais nem sempre significam estabilidade e vida longa. "Também são vulneráveis a inovações", diz Claudio D'Ipolitto, 47, pesquisador em empreendedorismo do Crie (Centro de Referência em Inteligência Empresarial), da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O ramo de bares e restaurantes, por exemplo, registra média de mortalidade pouco acima da geral: de cada cem estabelecimentos abertos em São Paulo, 35 fecham em um ano e 75 em cinco anos.
A maioria dos casos decorre de problemas na administração, opina Percival Maricato, presidente do conselho da Abredi (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Diferenciados).

Os que ficam de pé
A situação econômica do país é o principal obstáculo à condução da empresa, na opinião de 60% dos entrevistados pelo Sebrae.
Outras adversidades mencionadas pelos empreendedores são a concorrência muito forte (27%), o difícil acesso ao crédito (17%) e os problemas legais (14% ).
Por outro lado, concorrência e mudanças de comportamento do público-alvo cadenciam a necessidade de inovação a que o negócio deve atender para ficar de pé.
"Toda empresa pode ter vida mais longa ou mais curta dependendo das mudanças econômicas do país ou dos hábitos dos consumidores", resume D'Ipolitto.
Ele recomenda estar atento ao estilo do público e às tendências. "A inovação é vital na oferta de produtos e serviços e na administração e no relacionamento com funcionários e clientes", diz Neto.
Analisar o histórico do ramo em que vai investir também é importante para saber se sua idéia está relacionada a um setor consistente. "Se não estiver, o risco de não conseguir sobreviver é grande."
(BRUNA MARTINS FONTES)



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