São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002


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CAPA

Inovação, ações de marketing e atenção ao capital de giro evitam o abre-e-fecha de negócios

Planejamento tira empresa do "limbo"

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Apesar de a área de entretenimento e lazer ser considerada arriscada pelos especialistas, não é sinônimo de negócio efêmero.
O Kart In, voltado ao kartismo indoor (em local coberto), abriu as portas há seis anos em São Paulo e teve de esperar a poeira baixar para conquistar o seu nicho.
"Iniciamos quando os kartódromos estavam começando a fechar, depois da grande onda que houve entre 1994 e 1995", conta o gerente Vasco Sizenio, 39.
Para ele, o diferencial foi investir no profissionalismo para ganhar clientes envolvidos com o esporte.
Assim, foram aplicados cerca de R$ 200 mil em equipamentos e na construção de uma pista de grande porte, com painéis eletrônicos. "De dois anos para cá, o faturamento subiu e se mantém", diz.

Inovações
Investir onde está o agito rendeu dividendos a Ricardo Canepa Barbosa, 32. Aproveitando o movimento de regiões como Campos de Jordão (SP) e a Vila Olímpia (zona oeste de São Paulo), ele visou um público mais fiel do que os clientes da boemia.
"O ponto é determinante, e meu foco não está nos frequentadores noturnos, porque o restaurante serve do café da manhã ao jantar", diz Barbosa, que hoje concentra as atividades só no empreendimento da capital, o Qualyfruit.
A vida do negócio não depende só do planejamento inicial. Deve-se ficar atento à concorrência e ao público. E criatividade é essencial para alcançar a longevidade.
"É preciso fazer adaptações, modificações e trazer novidades para continuar competitivo no mercado", diz Antônio Cosenza, 56, professor de marketing da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (Eaesp), ligada à Fundação Getúlio Vargas.
Mudança é a palavra-chave para manter a clientela, na opinião de Lamberto Percussi, 39, sócio-proprietário da Vinheria Percussi.
O negócio surgiu em 1985, como uma casa de vinhos. Percebendo que o público era pequeno e que não tinha capital de giro para tocar a loja, herdada da família, transformou-a em um restaurante, mantendo a loja. "O segredo da longevidade é a inovação."
Ele reforma os ambientes todos os anos, troca louças, atualiza o cardápio, montou uma rotisseria no local e hoje fabrica sua massa.

Planejamento
Para Claudemir Galvani, diretor da Meta Consultoria, outro requisito essencial para o negócio não morrer na praia é ter uma boa poupança. "Muitos fecham por falta de capital de giro", diz.
Sem esse recurso, completa Alberto Borges Matias, 44, professor da FEA-USP, "a maior parte das pequenas e microempresas morre ainda em sua fase de crescimento". Ele calcula que o empresário deve destinar ao capital de giro 20% do investido no negócio.
Ele também dá o exemplo de um erro comum: comprar o imóvel onde está instalada a empresa.
"Isso acontece especialmente com quem vende à vista e compra a prazo. O empresário aplica o dinheiro no imóvel e depois fica descapitalizado para enfrentar eventualidades, como uma queda de vendas", afirma Matias.
Outras preocupações que devem entrar na pauta é a pesquisa do público-alvo e a publicidade. De folhetinhos a anúncios em veículos de massa, vale tudo para continuar na memória do seu público e ter mais anos de vida.
"O empresário precisa ter disciplina e tirar cerca de 5% do faturamento para ações de marketing", diz João Abdalla Neto, do Sebrae.



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