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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003


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FRANCHISING

Para atrair investidor, redes usam técnicas de varejo, parcelam taxas e reduzem preços

Franquia faz desconto e promoção

BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pague cinco e leve seis. Por mais incrível que pareça, a oferta não é de um supermercado, é de uma franquia. A campanha é da rede de lavanderias Sol & Sabão, que tem 20 unidades franqueadas, todas no Estado de São Paulo.
A promoção tem ares de venda no varejo: quem abrir cinco unidades da franquia -com investimento inicial médio de R$ 30 mil, segundo a rede- leva a sexta de graça (sem incluir o ponto comercial). O investimento para ser dono de seis lojas seria de R$ 150 mil.
"Só parece desespero. Não pode ser outra coisa", afirma a consultora de franchising Ana Vecchi, da Vecchi & Ancona Consulting. "É um absurdo total", declara Roberto Cintra Leite, da Horwath Cintra Leite Consultores. "Se você está oferecendo um negócio, é ridículo fazer promoção. O negócio deve ser sério", complementa ele.

Parcelamento
Também na linha das promoções, algumas redes apostam no parcelamento da taxa de franquia para atrair investidores. É o caso das franquias Jani-King (serviços comercias de limpeza), Strutura (vestuário) e Sapataria do Futuro.
A taxa de franquia, em geral, remunera a adesão ao sistema, a autorização de uso da marca, a análise e a aprovação do ponto comercial, o treinamento do franqueado e de sua equipe, a entrega de manuais e o suporte pré-operacional (acompanhamento de obra e de projeto arquitetônico).
O parcelamento, embora seja admitido por consultores como Vecchi e Cintra Leite (quando feito em até três pagamentos, e se o perfil do empreendedor for "perfeito"), também recebe críticas.
"Isso torna o negócio mais atraente, mas adia um pepino. Melhor [a rede] pegar um franqueado mais capacitado", aponta Alain Guetta, da Guetta Franchising. Ele defende que, mesmo para o franqueado, parcelar é ruim. "Não é bom pagar a franquia com o capital do negócio. O franqueado trabalha sem ver dinheiro."
Para Marcelo Cherto, presidente do Instituto Franchising, as promoções são uma reação à crise. Segundo ele, embora tenha aumentado a procura por franquias, em razão do desemprego, está mais difícil fechar negócios, pois o capital é limitado.
A análise também explica movimentos como a criação de formatos menores e mais baratos, como quiosques, por redes como Bob's, Habib's e Casa do Pão de Queijo.
Sobre a iniciativa da Sol & Sabão, Cherto diz que é preciso esperar. "Tudo pode acontecer. Pode ser que compense, mas é preciso ter cuidado com a banalização. Não é uma compra por impulso, é uma aquisição para a vida toda."

Inovação, não desespero
O franqueador Caio Próspero, 33, da Sol & Sabão, diz que a promoção foi criada justamente para chamar atenção. "Não interessa o que os outros acham. O objetivo é alavancar o negócio. Fiz por inovação, não por desespero."
Segundo ele, a empresa está estruturada para treinar e dar suporte aos franqueados e a seleção continuará rigorosa. Ressaltou ainda que as franquias são postos de coleta e que a lavagem de roupas é feita numa central. O objetivo é lucrar com taxas de serviço.


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