São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008


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BRINDE AOS CLIENTES

Dois meses depois da lei seca, bares amargam prejuízo

Medidas como levar o cliente para casa mostram-se ineficientes para aumentar a freqüência nos locais

Rafael Hupsel/Folha Imagem
No Porto Luna, os clientes que vão em grupo elegem o amigo que irá ficar sem beber; em contrapartida, ele ganha um jantar

MARIA CAROLINA NOMURA
DA REPORTAGEM LOCAL

Implementar medidas como levar o cliente para casa ou dar desconto para quem não bebe, mas acompanha amigos que gostam de "molhar o bico", não foi suficiente para equilibrar o prejuízo causado pela lei seca em bares e restaurantes.
A norma, em vigor há quase dois meses, torna ilegal dirigir com concentração de álcool a partir de dois decigramas por litro de sangue e pode ocasionar multa de R$ 955, perda da carteira de motorista ou detenção do condutor, dependendo do teor alcoólico flagrado.
A menor quantidade de pessoas embriagadas ao volante diminuiu o índice de mortes no trânsito: no primeiro mês de aplicação da lei, o número de mortos em estradas federais caiu 12% em relação ao mesmo período do ano passado.
Entretanto, reduziram-se também o movimento e o lucro de alguns segmentos.
Segundo Percival Maricato, diretor jurídico da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), o prejuízo sofrido por empresas do setor foi de 30% a 40%, apesar das medidas que, na avaliação dele, "foram somente paliativas".
No Bar da Dida, que fica nos Jardins (zona oeste), o movimento caiu cerca de 40%. Para atrair a clientela, a proprietária Adriana Oddi, 32, deixou à disposição dos clientes um carro com motorista para levá-los para casa de graça, mas a medida não teve sucesso. "Em uma semana, se usaram duas vezes [o carro], foi muito", lembra.
Apesar do desfalque no caixa, a empresária se diz a favor da lei. "Não agüentava mais bêbado fazendo xixi fora do vaso."

Barriga cheia
Se, por um lado, o consumo de bebidas alcoólicas caiu, as pessoas passaram a comer mais, de acordo com os empresários ouvidos pela Folha.
Foi pensando justamente na fome do cliente que o bar Porto Luna, no Itaim Bibi (zona oeste), fez uma promoção para angariar freqüentadores.
De acordo com o sócio-proprietário Marcelo Mello, 35, a cada grupo de quatro pessoas, aquele que não bebe, ou seja, o "amigo da vez", ganha um jantar completo, com todas as bebidas não-alcoólicas incluídas. "Conseguimos recuperar 15% do movimento, o que é um bom sinal, uma vez que havíamos perdido 30%."
Com isso, o empresário diz que consegue atrair grupos maiores de amigos, o que compensa a redução do consumo com a lei seca.


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